Por Stephen Stefani, médico oncologista
A humanidade está em convulsão. Para prosperar nestes tempos tumultuados, as velhas mentalidades e abordagens já não funcionam. Para os problemas mais complicados sempre surgem soluções simplificadas e insuficientes. Alterações climáticas? “Basta” adotar energia limpa. Guerra? “Alguém” tem que impor a paz. Os seres humanos tendem a procurar soluções para problemas como esses – tanto macro como micro – através de uma perspectiva externa de curto prazo que não obriga a participação individual. Mas o fim e início de ano sempre é um período que convida a efetivar ações para o futuro.
Fato que as resoluções pessoais têm, tradicionalmente, uma baixa taxa de sucesso. Parar de fumar, perder peso ou passar mais tempo com nossas pessoas favoritas... todas focam a recompensa, mas não avaliam bem os caminhos. Uma forma para melhorar a chance de transformação é exercitar a empatia e o altruísmo – especialmente transgeracional – para tomarmos decisões que nos impactem para melhor, tanto hoje como nas gerações vindouras. Por exemplo, aumentar atividade física e ter alimentação mais saudável ajudam tanto a nossa saúde como a da coletividade, já que reduzo sobrecarga de sistemas de saúde caros e insuficientes. E é difícil se sensibilizar pelas pessoas do futuro.
A melhor maneira de criar mudanças positivas e de longo prazo é através do cálculo desapaixonado do maior bem que alguém pode gerar através de suas ações
Já somos ruins o suficiente em sentir por nosso próprio futuro. Em um episódio do bem-sucedido seriado Os Simpsons o personagem larga uma pérola, que tem um significado desconfortável: “Esse é um problema para o Homer do futuro. Eu não o invejo!”. Olhar para gerações futuras proporciona o choque emocional positivo necessário para transcender o nosso impulso de curto prazo de tomar o caminho mais fácil – como escolher o carro ao invés de investir no transporte de massa, como jogar o lixo no caminho que deixamos para trás.
A melhor maneira de criar mudanças positivas e de longo prazo é através do cálculo desapaixonado do maior bem que alguém pode gerar através de suas ações. Para criar um futuro melhor onde todos – inclusive nossas pessoas favoritas – possam florescer, precisamos encontrar formas de envolver e encorajar essa visão. Os nossos sentimentos e ações não são apenas parte integrante do nosso bem-estar moral, social e pessoal, mas também são ferramentas vitais para resolver desafios complexos que enfrentamos individualmente, organizacionalmente e até como espécie.