O pavilhão da agricultura familiar se consolida a cada edição da Expointer como uma das principais atrações para os visitantes e participantes da feira. O sucesso da iniciativa, que agora celebra 25 anos, pode ser medido, por exemplo, pelo número de expositores. Em 1999, quando se iniciou, eram apenas 30 participantes. Desde então, não parou de crescer e inovar. Agora, na mostra de 2023, são 372 empreendimentos, oriundos de 174 municípios, que caminham para bater a marca de 2022 de R$ 8 milhões em vendas. São lácteos, embutidos cárneos, bebidas, biscoitos, erva-mate e doces, entres outros diversos tipos de delícias, avidamente procurados pelos consumidores.
O espaço dentro do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, é apenas uma amostra da competência e da diversidade da produção do RS
O espaço dentro do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, é apenas uma amostra da competência e da diversidade da produção da agricultura familiar do Rio Grande do Sul. Conforme o mais recente Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicado em 2019, com dados coletados em 2017, são 992 mil gaúchos que vivem e tiram o sustento em pequenas propriedades. No Estado, 80% dos estabelecimentos rurais são classificados como familiares. Ao lado de médios e grandes produtores, são parte da pujança do agronegócio do Estado.
A agricultura familiar é responsável por uma produção variada. É garantia de oferta de alimentação saudável à população urbana. Os pequenos agricultores e pecuaristas cultivam hortigranjeiros, grãos, produzem leite, criam suínos e aves, entre outras atividades às quais se dedicam. Vendem diretamente para os consumidores, para o varejo de seus municípios, integram cadeias maiores ou beneficiam os seus produtos e os transformam em itens elaborados. São as agroindústrias familiares, como as que estão na Expointer.
A agropecuária de menor escala é um dos pilares da economia do Rio Grande do Sul. Merece, portanto, atenção especial em termos de políticas públicas para que possa se atualizar, produzir mais e melhor, gerar renda e, assim, o êxodo rural ser minimizado. Há um aspecto social a ser também observado, portanto.
Os pequenos produtores, por exemplo, têm grande participação na produção de leite no Rio Grande do Sul. É um segmento que enfrenta uma crise séria devido ao aumento das importações do Mercosul. Problemas semelhantes que se refletem na renda, em anos anteriores, já têm levado ao abandono da atividade, provocando maior concentração. O governo federal anunciou aquisições do produto por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para tentar enxugar o mercado, mas ainda se aguardam políticas mais estruturantes, que possam tornar o setor mais competitivo. O Brasil, ao contrário do que se previa, não conseguiu se tornar um grande exportador de lácteos. Não houve o mesmo êxito dos grãos e das carnes. Os produtores ficam mais suscetíveis, assim, a fatores domésticos e surtos de importação.
Mas, adversidades pontuais à parte, a agricultura familiar do Rio Grande do Sul tem se mostrado capaz, aberta à assistência técnica, à incorporação de tecnologia e atenta aos desafios de elevar a produtividade. Mesmo assim, alguns gargalos persistem, como energia de qualidade e internet na zona rural, fatores essenciais para modernizar a produção e fixar as famílias no campo, o que também poderia ajudar a amenizar o problema da sucessão nas pequenas propriedades.