Por Daniel Randon, presidente da Randoncorp e do Conselho do Transforma RS
Apaixonante para uns, temida por outros, a inteligência artificial (IA) já é uma realidade. Trata-se da ciência cujo propósito é estudar, desenvolver e preparar máquinas para realizarem, de maneira autônoma, atividades que exigiriam inteligência humana. E já está presente em muitos setores, a começar pela saúde, onde a união da tecnologia e da ciência de dados permite antecipar diagnósticos precocemente.
Como dar as costas a tecnologias que garantem precisão e assertividade numa sala cirúrgica, por exemplo, onde a vida do paciente pode estar ameaçada pela diferença de um milímetro ou de um segundo? Como ignorar a chance da descoberta de novos medicamentos e da capacitarão dos médicos com opções de tratamentos mais adequados.
Projeções da consultoria multinacional Accenture mostram que a IA levará ao mercado de saúde americano uma economia de US$ 150 bilhões/ano até 2026, graças a redução de variabilidade nas cirurgias, automação de processos administrativos, melhora no diagnóstico e redução de fraudes. No Brasil, estimativas da J&J MedTech apontam para uma economia de R$ 20 bilhões na saúde. O avanço não está restrito à medicina. Estudo da McKinsey projeta que a IA pode adicionar US$ 13 trilhões ao PIB global até 2030.
Estamos no início de uma nova onda tecnológica, e quem a ignorar vai ficar de fora
Ao trazer mais eficiência, segurança e menores custos, a IA chega à cadeia de produção da indústria brasileira no conceito pleno da indústria 4.0, com fábricas totalmente autônomas (escuras e independentes). Algo somente possível com IA, assim como os veículos autônomos, que reduzirão acidentes fatais.
Embora em constante crescimento, o agronegócio brasileiro continua refém de variáveis não controláveis. Com dados precisos, a IA permitirá ao produtor antecipar soluções às adversidades com melhor gestão e de maneira colaborativa com os agrônomos.
O impacto no mercado de trabalho começa a ser desenhado com fortes evidências. Alguns empregos ficarão obsoletos, outros mudarão sua natureza e novos surgirão. A IA já se configura como a habilidade tecnológica mais buscada no mundo pelas grandes companhias, com salários diferenciados pagos a engenheiros de machine learning, que programam, criam e treinam os modelos computacionais para aplicações específicas.
Como em qualquer grande inovação, precisa haver regras claras para evitar riscos envolvendo ética, privacidade e vulnerabilidade. Estamos no início de uma nova era tecnológica, que aponta para grandes benefícios e oportunidades. Apesar do medo, é preciso estar aberto. Quem ignorar e não usar a tecnologia a seu favor vai ficar para trás.