Por Daniel Randon, presidente da Randoncorp e do Conselho do Transforma RS
Mais do que uma promessa de governo, a reindustrialização do Brasil é uma necessidade premente. E ganha espaço em vários fóruns, especialmente os que conhecem o peso da indústria na transformação e na geração de riquezas num país que deve uma resposta à sociedade.
Indústria fraca ocasiona menor geração de empregos, maior desigualdade social e queda de arrecadação de impostos
Especialistas garantem que, por deficiências estruturais, a desaceleração industrial já dura quatro décadas. Conforme o IBGE, somente entre 2011 e 2021, caiu de uma participação no PIB de 23,1% para 18,9%. Como vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin sabe que a indústria precisa retomar seu protagonismo para que o país alavanque o crescimento econômico de maneira sustentável e socialmente justa.
Entre os vilões, entram em cena o custo Brasil, a burocracia, a falta de infraestrutura e de qualificação do pessoal, entre outros, que somam gastos adicionais na produção de R$ 1,7 trilhão anuais para as empresas. O valor é inaceitável quando comparado à média das despesas dos países da OCDE.
É inegável a importância do comércio e dos serviços em qualquer economia, mas a robustez dos números vem do chão de fábrica, que abastece o mercado interno e gera divisas externas. Com indústria forte, o Brasil pode reduzir a dependência da alta performance do agronegócio que, de novo, garantiu parte relevante do crescimento de 1,9% da riqueza nacional no primeiro trimestre.
A boa notícia é que há sinais de formatação de uma agenda de desenvolvimento industrial, que chegaria em boa hora, aproveitando o ambiente de transformação digital e tecnologias disruptivas. A Associação Brasileira da Indústria de Base (ABDIB) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre outras entidades, têm se articulado nesse sentido.
Tanto quanto a volta de investimentos governamentais, o Brasil precisa de políticas públicas alinhadas com os conceitos de ESG, cada vez mais vinculados à liberação de financiamentos oficiais a projetos inovadores e de grande alcance para a descarbonização, com estímulos à eficiência energética e à promoção da bioeconomia e da economia circular. Simultaneamente, é urgente avançar nas reformas, como a tributária, propiciando um ambiente adequado de negócios e regras claras que garantam a segurança jurídica.
Precisamos com urgência de uma política industrial com objetivos claros e de longo prazo, utilizando benchmarkings como China, Alemanha e Coreia do Sul, e assim aproveitar o potencial econômico do Brasil devido ao seu tamanho, recursos naturais, população e diversidade econômica.