Por Luiz Lara, publicitário e presidente do conselho do Fórum de Autorregulação Publicitária (Cenp)
Liberdade de imprensa é alicerce da democracia. Esta frase e suas variações foram, exaustivamente, alardeadas nos últimos anos. Paradoxalmente, esse mantra repetido à exaustão não se satura e tornou-se mais atual do que nunca. De Ruy Mesquita, Zuenir Ventura, Millôr Fernandes e Cármen Lúcia, passando por Albert Camus, George Orwell e tantos outros, todos falaram sobre a importância da imprensa e do jornalismo profissional na defesa dos interesses democráticos. Neste caso, esses interesses coletivos devem sempre se sobrepor aos valores individuais. Todos devemos reiterar que o jornalismo é instrumento fundamental para exercer a cidadania em sua plenitude. E quanto mais se está bem informado, mais luz se joga na sociedade para as tomadas de decisões.
Os meios de comunicação assumem o protagonismo nas suas mais variadas plataformas, produzindo uma infinidade de conteúdo que, filtrado individualmente, informa, forma e define rumos sociais
Nesse contexto, os meios de comunicação assumem o protagonismo nas suas mais variadas plataformas, produzindo uma infinidade de conteúdo que, filtrado individualmente, informa, forma e define rumos sociais. Esses meios foram capazes de se adaptar ao ritmo das transformações e das mudanças no comportamento da audiência. Do tempo em que se lia jornal todos os dias, passamos para um cenário de consumir jornal o dia todo. O rádio se tornou um produto audiovisual relevante. Os podcasts não param de crescer no Brasil. Pesquisas indicam 34 milhões de pessoas conectadas no formato. As TVs interagem e são acessadas em todas as telas, em qualquer lugar, a qualquer hora. A mídia out of home interage com tecnologia de ponta. As redes sociais são novos ativos de comunicação, os meios estão ali, num diálogo aberto, informando e entretendo seus consumidores. Somente no Instagram, GZH está perto de 900 mil seguidores, representando quase 70% da população de Porto Alegre. Esse universo transmídia cresce, transcende e se tornou aliado da democracia, já que o impacto de uma informação de qualidade, apurada e depurada, está cada vez mais ao alcance de todos.
Junto a essa transformação do mercado editorial, estão as marcas, que subsidiam e se retroalimentam na credibilidade de ambos. A liberdade comercial, autorregulada pelo Cenp, também é um alicerce da liberdade de expressão. A propaganda e o jornalismo caminham juntos, mas sempre de forma independente, com a publicidade comercial não se imiscuindo nas redações, respeitando a independência editorial, valor nato à imprensa profissional, que deve ser preservado.
Parafraseando Thomas Jefferson, liberdade – comercial e editorial – não pode ser limitada sem ser perdida. Temos que trabalhar todos juntos – veículos, anunciantes, sociedade civil e poder público – para garantir um Estado verdadeiramente democrático, respeitando os limites e o contraditório.