Por Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC Brasil
A recente passagem da banda inglesa Coldplay pelo Brasil encantou os fãs não só pelas apresentações no palco e pela empatia com o público. Os músicos mostraram também plena consciência da necessidade de preservar o futuro do planeta. Já faz tempo que a banda garante o plantio de uma árvore a cada ingresso vendido para seus shows. Além disso, a produção do espetáculo segue uma pegada sustentável. O Coldplay instala pistas de dança cinéticas para os espectadores – uma estrutura capaz de gerar energia a partir do movimento. Ou seja, enquanto pula e dança, a plateia produz parte da eletricidade que abastece o show. E de forma totalmente limpa.
Pense nisso na próxima vez que escutar a sua banda preferida
Não é o único caso de conexão entre mundo pop e sustentabilidade. Quando esteve no Brasil, em 2018, o Pearl Jam destinou parte dos lucros da turnê para compensar 2,5 mil toneladas de dióxido de carbono emitidas no palco. A lista de bandas envolvidas com causas ambientais inclui The Roots e Radiohead e até grupos de heavy metal, como Gojira, que lançou a faixa Amazonia para alertar sobre o impacto das queimadas na maior floresta tropical do mundo. Já a Natiruts, de Brasília, neutralizou oito toneladas de emissões de carbono de deslocamentos da banda e gravação de clipe com projetos de conservação da vegetação nativa da Amazônia.
Fatos assim contribuem para que as pautas ESG se descolem do âmbito corporativo e passem a ser incorporadas à cultura de massas. Historicamente, o entretenimento representa um dos melhores canais para absorção de mensagens. Um estudo do Gallup, de 2022, apontou que 70% das decisões humanas são baseadas em sentimentos e sensações. Esse dado mostra a importância do marketing de experiência, desde que associado – é claro – a ações concretas para preservar os recursos naturais e tornar o mundo mais justo e equilibrado.
Na prática, a cultura também está contida no ESG. É parte intrínseca do conceito. Associá-la à sustentabilidade é usar dois ativos de uma forma sinérgica para engajar a sociedade e o próprio mercado nas causas sociais e ambientais. Esse movimento é tão relevante quanto a prestação de contas que as empresas devem fazer sobre suas ações a respeito de embalagens recicladas, reflorestamento, reúso de água etc. Pense nisso na próxima vez que escutar a sua banda preferida.