Por Michel Gralha, advogado
A percepção pelas pessoas dos mesmos fatos é de uma diferença abissal. Isso vale para questões pessoais ou até mesmo políticas. Podemos ouvir a mesma frase de pessoas diversas e, incrivelmente, ter reações absolutamente distintas e desproporcionais.
Que possamos manter nosso senso crítico, sem partido político de preferência
Não sei se isso se dá pela entonação, pelo ambiente, pelo formato, ou por todos os fatores, mas é uma realidade. Tenho certeza de que estamos dispostos, diariamente, a ser mais condescendentes com uns do que com outros. E na política, penso que vale a mesma coisa. Importante, antes de entrar neste debate, é esclarecer: não tenho político de estimação ou preferido, pelo contrário, tenho opinião constante: Estado mínimo, respeito às liberdades individuais, independência dos poderes, livre economia, respeito às diferenças e ao próximo, entre tantas outras que convergem com esses simples princípios.
Agora, voltando ao tema da tolerância, fico pensando nas declarações que ouvimos do ex e do atual presidentes. Imaginem se o antecessor dissesse algumas das coisas que são ditas neste momento. Quebra da independência do Banco Central ou acusações levianas, entre outras. E olha que o Bolsonaro não é nenhuma vítima, pois fez menções que não deveria. Mas não lhes parece que as consequências são mais brandas para o atual? Ouvindo e vendo as reações, a sensação que eu tenho é de que ficamos mais tolerantes. Com a história do “bem que venceu o mal”, talvez tenhamos entregado um cheque em branco ao novo governo. Mas será que fizemos isso mesmo? Será que o presidente está autorizado a falar sobre tudo e todos, de qualquer forma? Parece-me que não!
Que possamos manter nosso senso crítico, sem partido político de preferência. Que possamos pensar qual o melhor sistema para nossas vidas e não qual o melhor político, porque políticos vêm e vão, sistemas se instalam e sua troca é sempre penosa. Eu continuo com minha convicção no melhor formato para nosso país, e, infelizmente, poucos políticos fariam aquilo em que eu acredito. Mas não mudarei minhas crenças tão facilmente, nem minha forma de avaliar e criticar falas que não condizem com a posição que o líder da nação ocupa e deveria honrar.