Por Gabriela Ferreira, consultora em inovação e professora da PUCRS
Na área da tecnologia, a palavra do momento é o ChatGPT. O Generative Pre-Trained Transformer – ou, em tradução livre, transformador generativo pré-treinado – é uma ferramenta que simula o ser humano em conversas, tendo capacidade de realizar perguntas e responder a elas em interação com pessoas. Sabe aquele atendimento automático ao telefone ou aqueles robôs que respondem no WhatsApp e nos sites da internet? O ChatGPT é uma versão mais avançada deles, baseada em aprendizagem profunda de inteligência artificial. Esse robô foi treinado usando um conjunto enorme de informações disponíveis na internet, como notícias e livros, entre outras, que chegam a 40 bilhões de palavras. Ou seja: um sabichão. E isso é bom ou ruim? Por que está causando tanta polêmica? A resposta é a mesma sempre que se trata de tecnologia: depende do seu uso. E depende mais ainda da reflexão sobre seus impactos, porque um foguete desses, desgovernado – ou seja, sem orientação –, pode, sim, causar muitos estragos.
Se o uso da tecnologia não for bem pensado, não dá para culpar as máquinas
Quando falamos em inteligência artificial, que é a inteligência de máquina, é uma analogia à capacidade humana. Não é que as máquinas – robôs, chatbots e o ChatGPT – pensem efetivamente, mas conseguem fazer conexões entre conteúdos em volume e velocidade que superam muito a nossa capacidade.
A inteligência artificial pode ser treinada para dar vazão a demandas e ser fonte de informação. Ela pode, também, orientar as pessoas sobre questões dos mais diversos temas de forma consistente e rápida. Se bem conduzida, a inteligência artificial pode nos ajudar. Se bem aplicado, o ChatGPT pode ser positivo. É esse o X da questão, para essa e para todas as tecnologias, e algo que máquina alguma consegue ter: a consciência. São as pessoas que definem a intenção e, se isso não for bem tratado, não dá para culpar as máquinas. Elas repetem, mas não raciocinam.
E é por isso que existem, bem antes do GPT, diversos movimentos que promovem a discussão mais importante, a meu ver, quando se trata de tecnologia: as questões éticas e a intencionalidade. The Ethical Tech Society, AlgorithmWatch, Ethical Technology Institute, entre outras, são organizações que trabalham com a promoção do uso ético e responsável da tecnologia, entendendo que é preciso garantir que os algoritmos sejam utilizados de forma justa, assegurando o bem-estar de todas as pessoas. A boa notícia é que as máquinas podem nos ajudar a fazer tarefas desafiadoras. O desafio é que somos eternamente responsáveis pela nossa inteligência.