Por Michel Gralha, advogado
As eleições marcaram perfis de eleitores dos mais diversos. Dentre vários tipos, tivemos os apaixonados, os cegos, os esquecidos, os iludidos e os sonhadores.
E neste artigo, gostaria de escrever para os sonhadores: aqueles que imaginavam que teríamos um presidente esquerdista renovado. Aqueles que imaginavam, como num passe de mágica, que toda a formação socialista do novo líder estivesse suavizada. Que a história sindicalista deste cidadão teria ficado no meio do caminho, sem qualquer influência nesta gestão. Que o tom jocoso e deselegante, utilizado em várias situações, teria ficado para trás e que, enfim, teríamos um governo mais equilibrado e tranquilo. Como se o amor vencesse o ódio. O bem vencesse o mal. Ledo engano!
Na própria campanha, o candidato eleito jamais disse que caminharia mais ao centro ou que olharia para o orçamento ou para os gastos públicos
O novo presidente já deu amplos sinais de que não veio para ser light, pelo contrário, voltará com a mão pesada, aquela mesma que representa o Estado gigante, moderador e dominante. Aquela mesma que amassa o trabalhador, aumenta salários artificialmente e, em última análise, gera inflação e pobreza.
Quando ouvimos que os mercados não interessam, que o teto de gastos é uma bobagem e que custo não se chama mais de custo e que agora é investimento, temos que cuidar, pois sentiremos os reflexos destas ações irresponsáveis muito, mas muito mais rápido do que poderíamos imaginar. Mas aí eu preciso perguntar: o que esperavam?
Na própria campanha, o candidato eleito jamais disse que caminharia mais ao centro ou que olharia para o orçamento ou para os gastos públicos. Pelo contrário, já tinha dado sinais de aumento de ministérios, incremento de alíquotas, retorno de contribuições sindicais, alteração da reforma trabalhista, enfim, já havia dado o tom da nova gestão. Não vejo nada com surpresa, aliás, a surpresa é pensar que algo seria diferente. Não adianta, as pessoas não mudam suas convicções tão facilmente, ainda mais quando empoderadas pelo povo.
Não há nada de novo nas atitudes da esquerda, a única novidade e esperança disto tudo é que, diferentemente do passado, tem-se uma nova direita, mais ativa e vigilante, capaz de retomar o Brasil nas próximas eleições.