Encerra-se neste domingo a 22ª edição da Copa do Mundo da Fifa, a principal competição do esporte mais popular e apaixonante do planeta, que reuniu atletas, autoridades e aficionados de todos os continentes no Catar – emirado da Ásia continental e um dos países mais ricos do mundo. Afora a disputa esportiva, que será decidida entre as seleções da Argentina e da França, o Mundial deixa para a humanidade lições sobre competitividade saudável, pluralismo de ideias, diversidade cultural e visões de mundo que revigoram a esperança de convivência pacífica num planeta ainda marcado por guerras, injustiças, desigualdades sociais e conflitos pelo poder.
Sem desconsiderar as mazelas do próprio país anfitrião, comandado por governantes autocráticos pouco sintonizados com os direitos humanos – o que também ganhou mais visibilidade com a Copa –, o evento futebolístico desenvolveu-se num ambiente de normalidade, em que prevaleceram o respeito e a tolerância entre povos de culturas e costumes distintos. Esta, talvez, seja a principal lição que a humanidade deveria colher da festa esportiva promovida pela Fifa, organização que atualmente conta com mais filiados do que a própria ONU: é possível, sim, o convívio entre pessoas de nacionalidades e identidades diversas, sem que eventuais conflitos de ideias e crenças tenham que ser resolvidos pelo belicismo.
É impositivo reconhecer que a Copa do Mundo mobiliza multidões, estimula o nacionalismo saudável das identidades coletivas e favorece o intercâmbio cultural
Enquanto as grandes potências econômicas e nucleares do planeta mantêm animosidades políticas incompatíveis com a vocação pacífica de seus povos, o futebol expressa de forma simbólica o melhor caminho para a solução civilizada de divergências – por meio da competição justa, do respeito às regras acordadas e da cooperação recíproca.
Toda comparação, evidentemente, deve manter as devidas proporções. Não se trata aqui, por exemplo, de valorizar demasiado uma simples disputa esportiva que, como é de sua essência, também ilude e provoca frustrações, além de envolver interesses econômicos, políticos e comerciais nem sempre auditados com suficiente integridade. Mas é impositivo reconhecer que a Copa do Mundo mobiliza multidões, estimula o nacionalismo saudável das identidades coletivas e favorece o intercâmbio cultural entre distintos segmentos da população humana.
Do ponto de vista individual, a Copa também é inspiradora. Na busca de sucesso e reconhecimento, que são ambições naturais do ser humano, as seleções dos melhores atletas de cada país preparam-se cuidadosamente, desenvolvem espírito de equipe e colaboração, mobilizam seus apoiadores e investem no esforço, na ousadia e no talento para atingir seus objetivos. Ao longo da competição, evidencia-se igualmente uma verdade insofismável sobre a vida: a de que a vitória e a derrota são efêmeras e que a cada dia o ser humano precisa redimensionar sua existência.
Independentemente de conclusões filosóficas e de gostos pessoais, até mesmo porque nem todos apreciam futebol, o sentimento que fica quando acompanhamos um evento esportivo de dimensões planetárias, como a atual Copa do Mundo, é o de que a humanidade pode avançar no rumo da paz, da concórdia e da cooperação.