Por Gabriela Ferreira, consultora em inovação e professora da PUCRS
O mundo produz, a cada dia, cerca de 2,5 quintilhões de bytes de dados. Mesmo sabendo que isso significa 2,5 bilhões de vezes a capacidade de um telefone celular de razoável armazenamento, é improvável ter a real noção de quanto é. Apenas sabemos que é muito. Muito mesmo. Mais do que podemos imaginar e imensamente mais do que nossa capacidade de processar. Estima-se que cada pessoa gerou cerca de 1,7 megabytes de informação por segundo em 2020. E é por isso que uma das coisas que mais crescem no nosso mundo é a inteligência artificial, exatamente para nos ajudar a lidar com tantos dados.
Dados são informações preciosas para as empresas. Por quê? Relatório da consultoria McKinsey mostra que as empresas orientadas por dados têm 23 vezes mais probabilidade de conquistar novos clientes, além de ter seis vezes mais probabilidade de manter os clientes que já têm. Dados – olha eles aí – revelam que o uso da análise de dados em empresas do varejo poderia ser suficiente para aumentar os lucros em mais de 60%. Um relatório da Forrester revelou que 10% de aumento no uso de dados poderia aumentar os rendimentos das empresas da Fortune 1000 em US$ 65 bilhões. Um estudo da Accenture constatou que 79% dos gestores acreditam que as empresas que não conseguem trabalhar bem com grandes dados correm o risco de falência.
O que precisamos é definir o foco correto, a direção e o propósito para usar isso tudo
Dado é o novo petróleo, você já ouviu falar? Talvez com esses números acima possa começar a ficar mais clara a razão dessa expressão.
A grande pergunta que fica é: isso é bom para quem? Conseguimos melhorar a qualidade de vida das pessoas? Podemos trabalhar pela saúde, minimizando doenças e potencializando os resultados dos cuidados? Será possível otimizar a busca por trabalho e alocar as pessoas na sua melhor oportunidade? Podemos identificar quais são os problemas da educação e encontrar as soluções? Sim, tudo isso é potencialmente possível, desde que haja intenção para tal. Mas não queira beber desesperadamente esses números, que pode ser tóxico: há tantos dados disponíveis online hoje, que levaria milhares de anos para baixar tudo.
O que precisamos é definir o foco correto, a direção e o propósito para usar isso tudo. E, especialmente, saber quais dados usar. Se a analogia dos dados em relação ao petróleo for pelo seu potencial de energia para mover o mundo, pode ser interessante. Porém, sabemos dos problemas de sustentabilidade que essa energia acarreta. E, sendo a produção de dados, ao contrário dela, inesgotável, corremos o risco de ficar infoxicados.