Foram tempos de dor e angústia pela pandemia. São tempos de ânimos exacerbados pela divisão política e a eleição que se avizinha. Em meio a dias tensos, nada melhor do que uma oportunidade para descomprimir, como a agora proporcionada pela 13ª edição da Bienal do Mercosul, aberta à visitação do público na sexta-feira. A mostra, que oferece um respiro pela arte, vai até o dia 20 de novembro, na Capital.
O vasto cardápio para se deleitar na Bienal do Mercosul reúne obras assinadas por uma centena de artistas, de mais de duas dezenas de países
A megaexposição, assim como outros eventos, volta a ser presencial. No caso da bienal, presente a cada dois anos no calendário dos mais importantes acontecimentos do Rio Grande do Sul desde 1997, a última no formato tradicional ocorreu em 2018. Esse retorno não deixa de ser um apelo a mais para que a população, não só de Porto Alegre, mas de outros municípios do Estado, seja incentivada a conhecer, contemplar e, especialmente, interagir com as obras, uma das grandes características deste ano. O acervo, geograficamente disperso na cidade, poderá ser apreciado em 10 locais no Centro Histórico e nas zonas sul e norte da Capital.
É um roteiro cultural que, sem dúvida, merece ser apreciado sem pressa e deve encantar não apenas os amantes da arte mas o público em geral, aberto a novas experiências e conhecimentos. A entrada gratuita em todos os locais é mais um atrativo a convidar à visitação, sem esquecer que a Bienal do Mercosul também terá a sua presença notada em um circuito com intervenções urbanas espalhadas pela cidade em ruas, praças e prédios.
O vasto cardápio para se deleitar reúne obras assinadas por uma centena de artistas, de mais de duas dezenas de países. Nomes consagrados se unem a novos e desconhecidos talentos, abrindo espaço a uma nova geração selecionada a partir de uma chamada que financiou 19 projetos que estarão expostos no Instituto Caldeira.
O fio condutor da 13ª Bienal do Mercosul é o tema “Trauma, Sonho e Fuga”. Significa que, apesar de o evento ser uma oportunidade de desafogo, inevitavelmente está embebido pelas sensações do período duro e de abalos atravessado pelo mundo nos dias mais críticos da pandemia. “Uma bienal é sempre um reflexo do seu tempo”, pontuou em entrevista a Zero Hora o curador-geral da mostra, Marcello Dantas, que no seu currículo tem feitos como a concepção do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
Mas retratar o passado recente e o presente não exclui apontar esperanças e caminhos para dias melhores. A técnica, a inspiração, as diferentes formas de manifestação, os materiais diversos, as novas tecnologias e os sentidos que podem ser explorados são os meios de expressar emoções e a infinita criatividade humana a serviço da construção do futuro. Dois mil e vinte e dois é o ano da retomada plena dos eventos, e agora é a vez de a arte ser a moldura dos reencontros.