Por Virgílio Olsen, chefe do Serviço de Geriatra da Santa Casa de Porto Alegre
Na paleta de cores que busca a conscientização sobre doenças e sua prevenção, chegamos ao mês do roxo, setembro, o mês da doença de Alzheimer. Será que devemos nos preocupar com isso? O que é isso? Será que minha avó vai ficar como a Dori, peixe do filme Procurando Nemo que esquece e fica repetindo as mesmas perguntas? Vamos tentar esclarecer alguns pontos importantes.
O envelhecimento populacional que ocorre no mundo todo vem acompanhado de um aumento dos casos de demência
Em primeiro lugar, a doença de Alzheimer é um dos diversos tipos de demência, frequentemente associada à perda de memória. No início, a memória recente é a mais afetada, porém não é o único sintoma. A capacidade de orientação no tempo e no espaço (recordar datas e locais conhecidos), a capacidade de raciocínio (resolver problemas, pagar contas, improvisar quando algo sai do planejado) e a inteligência emocional (e comportamento) podem estar comprometidos também.
Em segundo lugar, a doença de Alzheimer é mais comum em idosos, principalmente após os 80 anos, porém não faz parte do envelhecimento normal e devemos reconhecer as pistas para diferenciá-las. O envelhecimento populacional que ocorre no mundo todo vem acompanhado de um aumento dos casos de demência. As estimativas da OMS são de que a cada três segundos surja um novo caso de demência no mundo e, para o ano de 2050, existam mais de 160 milhões de pessoas com este tipo de doença.
Após o diagnóstico, muitas perguntas tomam conta dos pacientes e familiares. Assim, é importante salientar que a demência é uma doença incurável e progressiva. Os medicamentos funcionam menos do que gostaríamos. Os esquecimentos tendem a ficar mais frequentes, as pessoas com demência precisarão cada vez mais de auxílio para fazer atividades que antes eram triviais.
E o desafio da equipe de saúde e dos familiares é fazer com que essa pessoa que hoje está com problemas de memória siga vivendo e sendo respeitada quanto aos seus gostos e preferências, resgatando e valorizando as suas memórias, porque o amor e o carinho construídos ao longo da vida a doença de Alzheimer não conseguirá apagar.
“A pessoa com demência pode até não saber por que ama, mas sabe que ama.”