Por Fábio Crespo, leiloeiro rural e presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais e Empresas de Leilão Rural do RS (Sindiler)
Todo ano de provação faz com que se chegue a dezembro com muitas reflexões. Foi assim na covid, em 2021, e igualmente em 2024, quando as águas lavaram o Rio Grande do Sul. Correndo o Estado na agenda de leilões desta primavera, ficou evidente que o impacto da enchente foi muito mais forte do que estávamos preparados para suportar. Perdemos muito. Mas também aprendemos muito.
Aprendemos da forma mais dura possível que é preciso abandonar o sofá para agir em sociedade. Que reclamar, curtir e compartilhar não faz a diferença na vida de ninguém. Muito pelo contrário. E que o agronegócio, tão criticado em diferentes frentes, foi o ramo econômico que nos garantiu soberania alimentar e receita para manter fábricas em operação, empregos ativos e famílias alimentadas.
A categoria dos leiloeiros foi estratégica, reforçando sua relevância social e capacidade de mobilização
E, neste momento, é imprescindível que se diga: redescobrimos a força do agir coletivo. O agronegócio gaúcho deu exemplo no quesito responsabilidade social em 2024. Foram dezenas de leilões beneficentes, criadores de diferentes regiões e raças ofertando doações e lançando. A categoria dos leiloeiros foi estratégica nessas ações, reforçando sua relevância social e capacidade de mobilização. Um dos exemplos mais recentes foi o leilão Mãos Dadas, realizado no dia 10 de dezembro, que arrecadou mais de 6 mil brinquedos para o Natal das crianças gaúchas.
E quanto mais se vê toda a corrente positiva criada pelo agro em prol do coletivo, mais revoltante é a falta de empatia e compreensão com a produção rural. É inadmissível a invasão de terras registrada na zona Sul do Estado neste mês. É um símbolo da falta de apreço pelo mais importante setor da economia brasileira, um ataque aos homens que se dedicam a produzir e, inclusive, a todo e a qualquer indivíduo que se alimente ou precise de carne, grãos e energia para sobreviver. Precisamos equilibrar a balança, descortinar os interesses que movem esses ataques e partir para a reconstrução. Caso contrário, é aceitar a volta da barbárie. E eu me recuso a compactuar com a barbárie.
O agro trabalha e seguirá produzindo por todos.
Porque essa é nossa semente para um novo futuro.