Um dos principais insumos do desenvolvimento e do crescimento econômico é o capital humano. A necessidade de ter pessoas preparadas é preocupação comum dos mais variados setores, mas aflige de maneira especial o segmento de TI. É um ramo que experimenta um avanço ainda mais rápido após a chegada da pandemia, devido à maior demanda por digitalização dos serviços. Mas não tem, por outro lado, encontrado mão de obra em quantidade suficiente e com qualificação e experiência adequadas. É premente buscar formas de mitigar esse déficit de profissionais, sob pena de a área, aquecida em todo o mundo, não conseguir crescer no Estado e no país no mesmo ritmo dos concorrentes no Exterior.
ntidade estimou, no final do ano passado, que o setor de TI abriria no país quase 800 mil vagas de trabalho até 2025
É ilustrativa a situação do setor no Rio Grande do Sul. Conforme a regional gaúcha da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-RS), são cerca de 5 mil vagas abertas. Há dificuldade em ocupá-las. Nota-se procura ainda maior por pessoal experimentado, diz a entidade. Se a formação de recursos humanos já é aquém do que se precisa, por óbvio é ainda mais desafiador encontrar profissionais capacitados e com mais tempo de mercado. São escassos e valorizados.
A Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) estimou, no final do ano passado, que o setor abriria no país quase 800 mil vagas de trabalho até 2025. Calculou, no entanto, que devido ao número de profissionais formados, cerca de dois terços dessas oportunidades teriam difícil preenchimento. Um verdadeiro apagão de mão de obra. É um triste paradoxo constatar que, enquanto cerca de 10 milhões de brasileiros ainda padecem com dificuldades de colocação, existem postos de trabalho vazios por falta de pessoal. É ainda uma área com remuneração acima da média.
As empresas, que há alguns anos alertam para este problema, têm cada vez mais apostado na formação e especialização de profissionais. Outras entidades, ligadas à área de TI e de inovação, trilham o mesmo caminho, cientes de que não é possível esperar apenas pelas instituições de ensino, sejam universidades ou de cursos técnicos. Estas, é preciso reconhecer, também têm se empenhado, observando as movimentações e projeções do mercado, mas a demanda é tamanha que apenas a soma de esforços fará possível ter, nos anos seguintes, uma quantidade de profissionais próxima da necessidade.
O Rio Grande do Sul, como um dos exponentes nacionais na área da inovação e com vários parques tecnológicos, startups e empresas do ramo de TI, não pode ficar para trás nessa corrida em que há cada vez mais concorrentes. Hoje não há mais as barreiras da distância do passado recente. Um profissional gaúcho da área, mesmo permanecendo morando no Estado, pode ser contratado e prestar serviços para uma companhia do Exterior, sem qualquer dificuldade.
Na Capital, o Instituto Caldeira tem iniciativa para captar jovens interessados e capacitá-los, criando um banco de talentos. Um dos projetos prioritários do Pacto Alegre é o Cidade Educadora, voltado a sedimentar a cultura digital. Outros municípios têm programas e propostas semelhantes. A +praTi é outra iniciativa exemplar. Reúne empresas dos segmentos de inovação e tecnologia para oferecer bolsas de estudos na área para jovens no Ensino Médio. A preparação dos futuros profissionais, porém, tem de se iniciar antes e depende, especialmente, de um melhor aprendizado, notadamente de matemática, desde o início da vida escolar.