Sintonizado com a era do conhecimento, o Rio Grande do Sul vem dando diversas demonstrações de que faz uma firme aposta na inovação e na tecnologia como vetores do desenvolvimento. É um movimento promissor, que une iniciativas privadas e políticas públicas voltadas a apoiar o surgimento de um ecossistema afinado com esse propósito.
Um dos ambientes mais reconhecidos no Estado e no país é o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), onde hoje será inaugurada a operação da norte-americana Impinj, da área de semicondutores. A unidade será voltada a desenvolvimento, testagem e certificação de circuitos integrados, componentes largamente empregados em dispositivos eletrônicos, mas que atravessam uma crise de fornecimento no mundo.
O Tecnopuc já abriga, desde o ano passado, a inglesa Ensílica, que também trabalha em projetos de chips nas áreas automotiva, de saúde e de comunicações. São empreendimentos que ajudam a consolidar o Estado como relevante polo no ramo de semicondutores, setor que já conta com a HTMicron, localizada em São Leopoldo.
É ainda alentador constatar que um grande número de profissionais das duas empresas tem origem nos quadros da Ceitec, estatal em fase de liquidação. Se a empresa pública não conseguiu atingir todos os seus propósitos, devido, entre outras questões, à burocracia que deveria se submeter, algo impensável em um setor de transformações muito rápidas, cumpriu relevantes serviços ao formar mão de obra qualificada.
A existência de capital humano apto, como engenheiros e projetistas, transforma-se em um atrativo natural para a vinda de investimentos na área, onde normalmente são criados postos de trabalho bem-remunerados. E a chegada de empresas como a Impinj e a Ensílica auxilia na retenção de talentos, ajudando a criar um círculo virtuoso para o setor.
Ao se evitar a evasão de cérebros, elevam-se as chances de estabelecimento de um cluster do segmento de chips ainda mais robusto no Rio Grande do Sul.
São empreendimentos que ajudam a consolidar o Estado como relevante polo no ramo de semicondutores
O tema inovação, aliás, tem dias efervescentes no Estado. Ontem, teve início na Serra a Gramado Summit, focada em empreendedorismo, tecnologia, marketing e transformação digital. A programação vai até amanhã, com palestras, exposições e trocas de experiências. São esperadas mais de 6 mil pessoas no encontro, que se autointitula como maior evento de brainstorming do país.
Daqui a menos de um mês, será a vez de a ebulição ter Porto Alegre como palco, com a South Summit, entre os dias 4 e 6 de maio, em três armazéns no Cais Mauá. A realização de uma das principais feiras globais da área será oportunidade única para fortalecer a imagem da Capital como centro vocacionado à inovação, ao mesmo tempo em que movimentará a economia da cidade devido ao grande número de visitantes esperados.
O desenvolvimento de novas tecnologias, pesquisas, produtos e processos ocorre de maneira descentralizada no Estado. Programas oficiais, como o Avançar Inovação, tentam ofertar recursos necessários para fomentar boas ideias. Várias regiões gaúchas assistem nos últimos anos ao surgimento acelerado de startups e parques tecnológicos. E arranjos como o Pacto Alegre – que envolve universidades, poder público e iniciativa privada –, os institutos Caldeira e Hélice e a Aliança Empresarial Norte-RS dão impulso extra a essa onda criativa e empreendedora voltada a fazer do Rio Grande do Sul um protagonista na economia do futuro.