Essa coluna é pra você que tem uma belezinha dessas em casa. E também pra quem ainda não tem. Perceba que usei ainda. É inevitável, aceita. A partir dos 50, ser proprietário de um porta-remédios é tão certo quanto usar óculos pra perto. E tá tudo bem. Lembro de sentir vergonha ao assumir publicamente que precisava deles, depois de muito enrugar a testa na tentativa de ler as letrinhas nem tão miúdas. O pior julgamento quase sempre é o nosso. Tenso mesmo é negar medicamentos de uso constante e comprometer a saúde.
Geralmente tudo começa com a necessidade de organizar os remédios de alguém mais velho que você. Seus pais ou avós. Excesso de zelo e praticidade pra evitar descuidos no dia a dia. Mas aí a gente se dá conta de que aquilo funciona mesmo. Então, vem a lógica: por que não organizar assim nossas próprias vitaminas e suplementos? Tem idade certa pra ser uma pessoa super organizada? Signo eu sei que tem.
A partir do momento em que você adquire seu porta-remédios e joga tudo lá dentro, não volta atrás. A gente esquece tanta coisa ao longo da semana. O déficit de atenção está aí pra nos confundir se já tomamos ou não. Existem várias cores e formatos dessas caixinhas. Mas o público 50+ é exigente, quer novidades. Aproveito pra sugerir aos fabricantes que criem versões mais atraentes com estampas, emojis ou frases edificantes. Cabe, sim. O pessoal escreve até em grão de arroz. Seg ter qua qui sex sab dom dá vontade de bocejar. Estabelecendo qual sequência seguir, a inovação é bem-vinda. Nomes de cantores, flores, cidades, pássaros.
Sabe a turma que prepara as marmitas da semana? Eu e meu marido temos o ritual de preparar nossos porta-remédios no domingo após o café da manhã. É até romântico dividir as últimas cápsulas de cúrcuma longa e colágeno com o amor da sua vida. No caso, colágeno tipo II pra artrose. Dá pra reforçar as juntas e a cumplicidade. Sempre repito: “amor, pelamor, cuida desses joelhos que a gente ainda não conhece a Costa Amalfitana”. Aliás, porta-remédios é perfeito em viagens. Ou alguém quer perder espaço na mala com embalagens e bulas?
Glória Maria, a rainha da prevenção, assumiu faz tempo que toma diariamente zilhões de vitaminas. Me pergunto se cabe tudo em um só porta-remédios. A expectativa de vida é outra, desejamos viver muito mais e melhor. Sem automedicação, mas com a ajuda da ciência. Aos 60, ninguém quer parecer encurvado como o velhotinho do pictograma das sinalizações pra idosos. Envelhecer bem é um presente que a gente se dá em vida, lembre disso.