A saída da última família que ocupava de forma irregular a área de ampliação da pista do aeroporto Salgado Filho, concretizada ontem, é uma notícia a ser celebrada em todo o Rio Grande do Sul. A liberação da parte final das obras significa bem mais do que o desfecho de um imbróglio legal marcado pela lentidão e pelo adiamento de uma inauguração que já deveria ter sido realizada há muito tempo. São mais de duas décadas de espera.
O sinal verde para as máquinas da Fraport, empresa alemã que administra o Salgado Filho, recoloca o Estado em uma perspectiva animadora de crescimento e de desenvolvimento
O sinal verde para as máquinas da Fraport, empresa alemã que administra o Salgado Filho, recoloca o Estado em uma perspectiva animadora de crescimento e de desenvolvimento. O aeroporto de Porto Alegre tem eficiência e localização privilegiadas, o que deveria se constituir em diferencial, tanto para o turismo quanto para a atração de eventos e de novas empresas. Mas a limitação da pista e o atraso nas obras, somados ao desligamento da versão mais moderna do equipamento que permite pousos e decolagens com neblina, abalaram essa vantagem competitiva dos gaúchos.
Uma pista mais ampla permitirá a chegada e a partida de aeronaves maiores e plenamente carregadas, transformando Porto Alegre em um hub ainda mais qualificado na cadeia logística do comércio internacional. Nesse contexto animador, foi inaugurado dias atrás o novo terminal de cargas do aeroporto, um dos elos dessa cadeia virtuosa de crença nas potencialidades econômicas do Brasil e do Rio Grande do Sul. A partir do fim dos trabalhos de ampliação da pista, exportações aéreas de empresas gaúchas que hoje acabam decolando principalmente de terminais paulistas poderão ser embarcadas no Salgado Filho. Isso significa maiores possibilidades de negócios, agilidade e redução de custos. Ou seja, competitividade. Vale o mesmo para quem importa, tanto insumos quanto produtos finais.
Cabe ressaltar que, mesmo apontando-se a demora de dois anos no desfecho da novela, é elogiável o tratamento dado às 1.011 famílias removidas da área da ampliação. O fato de estarem ali de forma irregular não impediu que lhes fossem oferecidas condições de moradia superiores às que tinham nos terrenos invadidos. Agora, de acordo com a Fraport, será preciso mais seis meses para que a necessária e sonhada ampliação da pista do Salgado Filho, dos atuais 2,28 mil metros para 3,2 mil metros, seja efetivamente concluída e entre em operação. Foi, sem dúvida, uma jornada cheia de turbulências. Espera-se que, agora, a fase final, que antecede o pouso, seja, enfim, previsível, tranquila e segura.