Ainda que seja cedo para celebrações definitivas, a criação de 7.986 postos com carteira assinada pelos setores de comércio e serviços no Rio Grande do Sul, durante o mês de maio, é um sinal positivo e que carrega esperanças. Primeiro, porque indica uma perspectiva otimista para os próximos meses, com impacto direto no bem-estar de famílias há pouco severamente atingidas pela retração econômica imposta pela pandemia. Depois, porque comprova, mais uma vez, a eficácia das vacinas. Não é coincidência que, à medida que a imunização avança, os empregos caminham na mesma direção. Por isso, acelerar a aplicação da primeira e da segunda dose, sempre que necessária, é uma prioridade absoluta.
É preciso aprofundar reformas, acalmar o ambiente político e centrar esforços nos inimigos comuns de todos os brasileiros: o novo coronavírus e o radicalismo
Cada brasileiro vacinado representa uma restrição à circulação do vírus e, consequentemente, um estreitamento das possibilidades de surgimento e proliferação de novas variantes. Nesse contexto, no qual imunização e mercado de trabalho formam um binômio inseparável, é importante destacar o papel dos empreendedores na recuperação social e econômica do Estado. Sem essa rede de coragem, espírito inovador e confiança no amanhã, seria impossível vislumbrar os primeiros e já visíveis sinais de recuperação da renda e da dignidade de milhares de gaúchos. O setor de serviços, vale lembrar, é o mais castigado pela crise sanitária e o grande empregador do Estado e do país.
Mas, apesar da melhora no cenário do emprego, há desafios gigantescos a vencer. Acelerar ainda mais a vacinação é um deles. O outro, de viés mais econômico, mas igualmente relacionado à pandemia, é a ameaça da inflação. A variação dos preços, que vem desenhando uma curva ascendente e constante no país, tem múltiplas causas. Uma das principais é a interrupção de cadeias de produção e de distribuição, no Brasil e no Exterior, durante os momentos de pico da doença que já matou mais de 4 milhões de pessoas no mundo todo. Outra é a valorização das commodities no mercado internacional. E, como quase sempre acontece quando esse fenômeno se apresenta, os mais atingidos são os pobres, desprotegidos contra a pressão dos preços na renda. É o caso dos alimentos e, agora, da energia.
Em tempos de instabilidade, celebrar e reconhecer bons resultados não é suficiente. É preciso aprofundar reformas, acalmar o ambiente político e centrar esforços nos inimigos comuns de todos os brasileiros: o novo coronavírus e o radicalismo. Enquanto o primeiro ceifa vidas e empregos, o segundo canaliza as energias do país para enfrentamentos emocionais e ineficazes. Felizmente, o Rio Grande do Sul conseguiu construir um modelo de diálogo na relação entre seus poderes, graças, em muito, à visão de seus líderes. Mas assim como o vírus da covid-19, a polarização se infiltra e se espalha se não houver cuidado e vacina, que, no caso, se chama educação e consciência democrática.