As estatísticas da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande do Sul (JucisRS) mostram um acentuado aumento no número de empresas abertas no primeiro quadrimestre. A quantidade de novos negócios formais subiu 54% ante igual período de 2020, um fenômeno que tem duplo significado. Por um lado, é reflexo da ausência de oportunidades no mercado de trabalho, que força milhares de gaúchos na direção da única saída possível, a de empreender.
Para melhorar a taxa de sobrevivência das empresas, é preciso criar um ambiente menos hostil para o desenvolvimento de novos negócios
Mas há também a metade cheia deste copo, formada pela criatividade transbordante dos brasileiros, pelo senso de oportunidade e pela esperança de um futuro melhor e independente, impulsionado pelo espírito empreendedor. Não raro, uma imposição das circunstâncias também abre espaço para se dar vazão ao ímpeto realizador. Além de um bom planejamento, pesquisa de mercado e tino para os negócios, sabe-se que o sucesso das empresas recém-nascidas está intimamente vinculado ao ambiente em que estão inseridas. Nos ecossistemas econômicos, um dos principais atores, entre outros, são os governos, que precisam assumir uma função, sobretudo, facilitadora.
Cabe ao poder público simplificar a vida dos cidadãos que decidem, por opção ou por falta de alternativa, enveredar pelo desafiador caminho do empreendedorismo. Desfazer os nós da burocracia e drenar o pântano tributário são duas frentes que já registram avanços importantes nos planos federal, estadual e municipal. Sabe-se que a maioria esmagadora das novas empresas é de microempreendedores individuais (MEIs). Esse movimento mostra a busca por formalização para principalmente prestar serviços, com ganhos para os dois lados – proteção do INSS, por exemplo, e arrecadação pelo poder público. Muitas reúnem amplas condições de mudar de patamar.
Para melhorar a taxa de sobrevivência das empresas, é preciso criar um ambiente menos hostil para o desenvolvimento dos novos negócios, que podem crescer amanhã, contribuindo, inclusive, para uma geração mais robusta de empregos. São responsáveis, aliás, por mais da metade dos postos de trabalho com carteira assinada no Brasil. Da mesma forma, instituições como o Sebrae, com missão de apoiar o empreendedorismo pela transmissão de conhecimento de gestão e de mercado, têm um papel crucial para ampliar as chances destas novas iniciativas. A Lei da Liberdade Econômica, iniciativa do governo federal, é hoje complementada por iniciativas semelhantes em Estados e municípios. O auxílio para que estes milhares de negócios floresçam não se resume ao amparo direto. Todas as medidas e programas que ajudem a melhorar o ambiente de negócios, seja no Rio Grande do Sul ou no país, contribuem para a recuperação da economia puxada pela iniciativa privada, fazendo com que estes empreendedores de pequeno porte sejam, ao mesmo tempo, agentes e beneficiários do desenvolvimento.