Em meio aos desacertos, à falta de planejamento e ao negacionismo, surge, no coração do governo federal, um sinal de lucidez em relação à pandemia que já matou mais de 200 mil brasileiros. Recuperado da doença, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, veio a público defender a vacina. Mais do que isso, declarou que entrará na fila para receber a imunização. São afirmações que, em um contexto normal, nem sequer mereceriam destaque. No Brasil de 2021, contaminado pelo vírus e pela radicalização política, a reafirmação do óbvio, porém, adquire status de novidade e alimenta esperanças dos que se alinham à razão e à ciência. Mais ainda quando o autor dessas declarações é um dos mais relevantes membros de um governo que frequentemente debocha do novo coronavírus e dos esforços para encontrar uma prevenção efetiva contra a sua proliferação.