Dia desses sonhei com minha vó Angelina, mãe da minha mãe. Parecia bem real. Ela me dizia que precisava falar algo que queria que tivessem dito a ela quando mais jovem: “Não te preocupa tanto, minha querida. As coisas sempre se ajeitam”. Ela era uma senhorinha simpática que, com a vó Tila, mãe do meu pai, formava uma dupla divertida e cheia de experiência. As grandes lembranças da minha vida contam com elas, que já são falecidas. A frase do sonho tem martelado na minha cabeça. Quantas vezes deixo de curtir alguma coisa porque estou pensando em outra que preciso resolver? E você, quantas vezes faz isso? Está lendo este texto e lembrando de algo que ainda precisa fazer?
Não assisti às retrospectivas do ano porque uma vez já foi demais pra mim, então não valia a pena ver de novo, mas eu vou guardar bons ensinamentos
Pra mim parece que o tempo está voando e que estou sempre correndo atrás pra alcançar. Sempre parece pouco. Foi assim no ano passado, que tinha cara de que ia demorar, mas cujos acontecimentos não nos deixavam respirar. Ah, não pense você aí do outro lado que jornalista não sente o peso de um 2020 sem conseguir se desligar. Eu não quero falar aqui do que todos já sabem que aconteceu e está acontecendo. Não assisti às retrospectivas do ano porque uma vez já foi demais pra mim, então não valia a pena ver de novo, mas eu vou guardar bons ensinamentos e quero falar deles.
O principal é que nada vale mais do que a nossa saúde mental, a não ser um abraço de quem a gente ama. Ah, o abraço! Quando abracei minha mãe, depois de alguns meses nos encontrando a distância, tive uma sensação indescritível, tamanha era a felicidade daquele contato tão simples, mas tão esperado. Ali as minhas preocupações foram embora por alguns segundos. Também aprendi a meditar. Ou melhor, estou tentando. Não é fácil. Vocês já pararam pra ficar prestando atenção apenas na própria respiração por alguns minutos? Ainda não entendo muito bem como se faz para os pensamentos não pularem de galho em galho.
Nos últimos meses, porém, notei que muitas das minhas preocupações são pequenas perto do que a vida nos apronta. Que todo aquele planejamento, metas do ano e nada deram no mesmo, já que a gente não controla coisa nenhuma. Acho que muito do que eu vivi, cada um pode adaptar à sua própria bolha, às suas próprias inseguranças, medos, alegrias e realizações. Quem não se preocupou com alguma coisinha que seja não viveu neste planeta nos últimos meses. Agora está na hora de colocar em prática. Afinal, aprendi ou não que muita preocupação só criou essa ruga aqui entre as minhas sobrancelhas?
E acho que o que minha vó Angelina estava realmente querendo dizer é que se importar é diferente de deixar que a preocupação vire o fio e se transforme em angústia e ansiedade. Certamente não é possível ter o controle de tudo, talvez de nada. A solução é não se preocupar tanto, afinal, as coisas sempre se ajeitam.