A queda significativa e sustentada dos principais números da criminalidade no Rio Grande do Sul nos últimos dois anos, corroborada pelos dados do primeiro semestre de 2020, renova a esperança, ainda distante, mas sempre sonhada pelos gaúchos, de voltar a ter tranquilidade para sair às ruas, viver e trabalhar sem sobressaltos. Homicídios, latrocínios e crimes patrimoniais, como roubos e furtos de automóveis, a estabelecimentos comerciais, no transporte coletivo, ataques a bancos, entre outros, continuaram caindo no Estado, de acordo com as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública.
Mas, apesar da retração, é preciso reconhecer que a criminalidade é ainda muito alta no Rio Grande do Sul, como admite, aliás, o próprio secretário da área e vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior. Mesmo com essa necessária ponderação, todas as forças policiais, bem como os setores da sociedade civil envolvidos na prevenção e no enfrentamento ao crime e que ajudam com recursos para a aquisição de equipamentos, merecem aplausos e reconhecimento de toda a sociedade pela trajetória cadente dos indicadores. Uma tendência que precisa ser confirmada dia a dia e ter sequência, portanto.
É muito provável que a pandemia, com a redução da circulação de pessoas nas ruas e muitos estabelecimentos de portas fechadas, tenha contribuído para a expressiva queda verificada de janeiro a junho. Mas o fato é que há uma curva descendente que começa antes da chegada do novo coronavírus e da necessidade de isolamento social, fruto de políticas de contenção da criminalidade que vêm desde 2018, por méritos do governo passado, quando se iniciou um planejamento estratégico de combate aos mais variados delitos, que felizmente foi mantido pela atual gestão.
A nota dissonante é a violência contra as mulheres. Os feminicídios cresceram no primeiro semestre, em comparação com igual período do ano passado, também como resultado, lamentavelmente, de tensões familiares que se agravam pela maior convivência entre os casais. Reconheça-se, porém, o empenho da Polícia Civil, sob o comando da primeira mulher na chefia, Nadine Anflor, de reverter essa estatística com programas de prevenção e investigação. Uma série de campanhas também vem sendo veiculada, facilitando o acesso das vítimas à ajuda.
Voltando à questão mais ampla da criminalidade, o desafio do Rio Grande do Sul, quando a pandemia for passado, será manter os números em trajetória de recuo. Se a sensação de tranquilidade aos poucos for restituída aos gaúchos, o Estado se tornará um lugar melhor para viver, com benefícios céleres que se refletirão inclusive na economia. Turismo, lazer, entretenimento, mercado imobiliário, atração de investimentos internacionais, entre tantos outros setores e frentes de negócios, se recuperarão de forma muito mais rápida e florescerão em um ambiente de paz. É esse objetivo que todos os gaúchos devem continuar perseguindo.