Por Marília Goldman Quites, promotora de Justiça e integrante da ONG Na’amat Pioneiras Porto Alegre
Nesta sexta-feira (21) estaremos novamente na praia de Capão da Canoa, junto ao ônibus do Ministério Público, distribuindo apitos para as mulheres que estarão no litoral. Um movimento que iniciou com a Associação das Advogadas, Estagiárias e Acadêmicas de Direito do Estado de São Paulo, chegou ao sul do Brasil como um furacão em busca de multiplicar a proteção da mulher, em suas mais diversas facetas.
Como Promotora de Justiça deste Estado e integrante da ONG Na’amat Porto Alegre, grupo de mulheres voluntárias da comunidade judaica, ao tomar conhecimento da iniciativa, através de outra integrante do grupo, vítima de tentativa de estupro que saiu em busca de ações existentes no País para proteção da mulher, foi possível dar início a essa união da sociedade civil com o Ministério Público, uma parceria que está rendendo frutos para todas nós. A experiência vivida há poucos dias na primeira ação em conjunto, também em Capão da Canoa, foi muito emocionante.
Nós, mulheres de profissões diversas, componentes do grupo de voluntariado e do Ministério Público, naquele dia quente e ensolarado, deixamos nossas atividades diárias para, juntas, colocarmos, literalmente, o pé na areia, distribuindo os apitos e divulgando a ação e a possibilidade de proteção para outras mulheres.
Mulheres jovens ou maduras, algumas aproveitando o sol, outras trabalhando nos quiosques da orla, mulheres que responderam à nossa abordagem com uma receptividade tão intensa que resultou na certeza, presente em todas nós, de que é possível, sim, reverter comportamentos opressores em excelentes iniciativas.
A entrega de apitos rosa para nossas iguais (sim, são rosa), possui vários significados. Poderá revelar o grito de socorro apto a obstaculizar a concretização efetiva de um assédio sexual (meninas, levem o apito para as festas de carnaval, para onde forem!). Mas, também, traduz a simbologia da união e proteção. Ao conferir visibilidade a tema tão traumático para as mulheres, como o assédio sexual, estamos juntas, apitando e nos protegendo, sendo efetivamente atuantes e protagonistas da nossa história, em todos os sentidos. A partir de agora, “Não hesite, Apite!”.