Por Eric Lins, procurador do Estado, deputado estadual (DEM)
O mundo vive uma grande guerra de narrativas. O Rio Grande do Sul não é diferente. O Executivo enfrenta um cenário fiscal caótico, então, sugere uma reforma administrativa e previdenciária a fim de equilibrar as contas. Os servidores, afetados diretamente por essa medida, reivindicam que não ocorram mudanças. Por sua vez, os deputados pressionados por ambos os lados dividem-se entre apoiar a iniciativa de um ou contemplar os desejos de outros.
Com um gasto de pessoal colossal, sobra pouco ou quase nada para melhorar as condições de vida dos gaúchos. Os servidores do magistério, por exemplo, sem reajuste há anos, foram postos em segundo plano pelo governo petista que concedeu aumentos à segurança e ainda deixou a conta pro governo seguinte. Todos os lados envolvidos nessa trama intitulada “O Pacote” reverberam suas versões por redes sociais, veículos de imprensa, caminhões e todas as ferramentas disponíveis. É do jogo.
Paradoxos políticos exigem respostas menos cartesianas. O governo não pode ignorar os servidores, que por sua vez não podem pedir algo que o Executivo não tem condições de oferecer. A comunicação deve ser recheada de conteúdo propositivo. Não é simples, mas é possível. E se eu dissesse que podemos aumentar o salário dos professores e diminuir o custo do Estado com apenas uma medida? Surreal? Não! Matemática.
Propus ao Executivo o seguinte: dar aos professores a alternativa de converter metade das horas-atividade em horas em sala de aula, aumentando em 90% o valor das horas convertidas, possibilitando chegar ao acréscimo de 15% no contracheque destes servidores, ou seja, a cada quatro professores que optarem pela conversão, diminuiria-se uma contratação emergencial, o que reduziria em 8% o custo do Estado. Essa margem poderia ser administrada pelo Executivo para melhorar as condições da educação pública.
Hoje, os professores do fundamental 1 já recebem a unidocência num formato parecido a esse. Por que não oferecer aos do fundamental 2 e do médio uma oportunidade semelhante?
Na guerra de narrativas ganha aquele que comunica com conteúdo. Só no grito não dá!