Por Igor Oliveira, consultor empresarial
Desde 2015 sou cliente da Vérios, um robô de investimento brasileiro que aloca automaticamente minhas economias entre os três tipos de títulos do Tesouro Direto, bolsa brasileira e bolsa americana, que também gera uma proteção cambial.
Sou um cliente muito satisfeito. Ao contrário de outros distribuidores e gestores de investimentos, os robôs de investimento são extremamente transparentes no que diz respeito a custos, o que elimina uma série de conflitos de interesse. Do ponto de vista da rentabilidade, têm apresentado no Brasil um desempenho invejável batendo o CDI com consistência impressionante.
O segredo por trás da maioria deles está em digitalizar a Teoria Moderna do Portifólio, por meio da constante otimização da relação risco-retorno dentre uma cesta de ativos pré-definidos. No caso da Vérios, isso se restringe a títulos públicos e ETFs generalistas.
Alguns robôs concorrentes, como a Magnetis, trabalham com uma gama de ativos mais ampla, com algum prejuízo em termos de clareza sobre custos embutidos, porém ainda muito melhores do que o restante do mercado. Por trás dessa diferença está uma crença no valor da gestão ativa. A Magnetis acredita que boa gestão traz retorno no longo prazo, enquanto a Vérios acredita que o mercado precifica razoavelmente essa boa gestão.
Alocar tempo e dinheiro em títulos privados, fundos multimercado e ativos alternativos é uma tarefa muito gratificante para quem pode e gosta, mas não para todo mundo. Particularmente, quando consigo investir em uma dessas classes de ativo, prefiro fazer a pesquisa ao invés de delegá-la a um robô. Dessa forma, deixo o feijão-com-arroz para o robô e o filé para exercitar minhas habilidades de análise.
O ponto fraco de qualquer robô de investimento está na falta de personalização. Valores filosóficos, metas específicas, localidade, profissão, idade. Tudo isso deveria influenciar em decisões de investimento. Porém, com os robôs, esses aspectos passam batidos. A exposição a riscos complexos como clima, declínio de determinadas profissões e câmbio em um mundo globalizado varia demais de pessoa para pessoa.
De toda forma, os planejadores e analistas certificados também têm dificuldade em lidar com essas variáveis. Ou seja, não há hoje uma solução de personalização para quem não está na casa das dezenas de milhões em patrimônio. Nos EUA, alguns novos produtos de alocação temática e customização em massa começam a aparecer agora, mais de dez anos depois do surgimento dos primeiros robôs de investimento.