Por Ricardo Hingel, economista, consultor e conselheiro de empresas
Na semana passada tive a satisfação de participar da cerimônia oficial de inauguração de expansão da fábrica da General Motors em Gravataí, com a introdução de uma nova linha de produtos e que agregaram àquela unidade a modernização de processos e tecnologias produtivas e a fabricação de produtos de ponta no mercado nacional.
A expansão da fábrica havia sido anunciada em agosto de 2017 e contou com investimentos na ordem de R$ 1,4 bilhão. Tendo participado das negociações que trouxeram a planta para o Rio Grande do Sul em 1996, em todas as suas etapas, ver o corpo que aquele projeto tomou, passados mais de 20 anos, é motivo de satisfação. Quando do anúncio da expansão escrevi nesse espaço um conjunto de seis artigos onde tentei resumir aquelas negociações.
Ressalto que quando da primeira reunião com os executivos da montadora, o Rio Grande do Sul não fazia parte de seu leque de opções de localização, fruto do ambiente de negócios negativo que viam aqui, em face de experiências anteriores.
O Brasil precisa urgentemente atrair investimentos em todas as áreas, o que só se realiza com a criação de um ambiente de negócios pró-iniciativa privada e pró-empreendedores para atrair capitais, centro do atual esforço do governo federal. A postura do então Governo Britto foi um exemplo bem-acabado de compreensão política de um ciclo de investimentos que ocorria na época com a responsabilidade técnica que empreendimentos como aquele demandavam. Algumas centenas de milhões de impostos diretos e indiretos, milhares de empregos que se seguiram e a introdução em nossa matriz produtiva de uma indústria moderna e inovadora não deixam dúvidas daquele acerto e responderam bem aos esforços fiscais realizados.
A expulsão da Ford foi um retrocesso em nosso ambiente de negócios.
O projeto da GM pretendeu colocar aqui uma fábrica com processos inovadores e que deveria se transformar em modelo mundial, o que ocorreu, a exemplo da presente expansão, que a mantêm como uma fábrica padrão global. O complexo da General Motors em Gravataí hoje gera um veículo a cada 51 segundos e se aproxima da produção de quatro milhões de automóveis desde seu início, o que só foi possível porque houve diálogo com diversos governos estaduais que se sucederam e ajudaram a viabilizar as sucessivas expansões do empreendimento.
Somente posturas proativas e ambientes de negócios favoráveis e contemporâneos terão a capacidade de nos fazer recuperar algumas décadas de atraso econômico.