Por Fábio Roque Sbardellotto, presidente da Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP)
Em 2018, o Brasil gastou R$ 141,3 bilhões em educação, 5,7% do PIB. Entretanto, segundo o Programa Internacional de Avaliação de Alunos da OCDE (Pisa), dos 70 países observados, o Brasil ocupa o preocupante 62º lugar. O estudo aponta investimentos muito inferiores em percentuais do PIB na Irlanda (3,2), Japão (3,3), Alemanha (4,4), Coreia do Sul (4,6), Portugal (4,6) e Áustria (5,2). Esses países têm resultados bem superiores no Pisa: 19º, 2º, 16º, 11º, 23º e 26º lugar. O Brasil investe pesados recursos na educação brasileira e colhe resultados pífios. Em pouco mais de cinco anos, consumiremos em educação toda a economia obtida com a reforma da Previdência (R$ 800 bilhões).
A reflexão que se impõe é se os preciosos recursos estão chegando ao destino final e se o aluno não estaria se perdendo pelo caminho, devido a estruturas arcaicas de administração escolar ou de uma formação precária de parte dos educadores (que não têm culpa dessa estrutura). Que tal focar o estudante em seu dia a dia na escola, passando pelos educadores e suas práticas pedagógicas até chegarmos às estruturas administrativas/políticas de gestão das políticas públicas de educação. E o ambiente familiar, como está? Este roteiro inverso remeterá a outras variáveis deixadas à margem, porém fundamentais.
Não podemos olvidar que nossas crianças e adolescentes estão praticamente abandonados à abusiva e conivente influência das tecnologias (se bem empregadas, são úteis e necessárias), que pouco oferecem ao aprendizado ou são mal utilizadas, e desviam a atenção e concentração. Os jovens estão envoltos em uma convivência tecnológica que mais serve para suprir ausências familiares do que auxiliar no aprendizado.
A educação não depende apenas de recursos financeiros. Mais valerá encontrar o equilíbrio entre altos investimentos governamentais e capacidade de conscientização para que as ferramentas tecnológicas possam servir à evolução humana. Esta conciliação dependerá de uma conivência entre família, profissionais da educação e Estado. Gerações estão por vir e merecem melhores resultados, e os recursos financeiros são cada vez mais escassos.