Por Fábio Bernardi, sócio-diretor de criação da Morya
Neste mundo em absoluta transformação dos dias atuais, só há um caminho possível: criative-se. Esse neologismo, fenômeno da língua que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, nunca foi tão necessário e urgente. Aliás, se você reparar bem, "criative-se" nada mais é que a palavra 'ative' inserida dentro da palavra 'crise'. E o sentido é esse mesmo: entrar no meio da crise de maneira ativa, com uma atitude diferente da mera resiliência, do necessário ajuste dos custos ou da repetitiva reclamação cômoda e rançosa. Não é negar o momento, mas apenas não se render a ele. Ou, como diriam os médicos: se a dor é inevitável, o sofrimento é opcional. A crise está aí e é preciso avançar apesar dela. Afinal, a favor da correnteza até o peixe morto nada.
Criative-se, portanto, torna-se um convite para que sejamos todos mais criativos em tempos de crise. E não sou apenas eu que digo isso. O Fórum Econômico Mundial de Davos, por exemplo, havia projetado que, em 2015, a criatividade seria a 10ª habilidade mais importante para um profissional. Para 2020, ela já está no 3º lugar, atrás apenas de "resolver problemas complexos" e "pensamento crítico". E olha que para essas duas primeiras a criatividade também ajuda um bocado. E se isso não bastasse, o Linkedin, a maior plataforma de empregabilidade do mundo, colocou a criatividade no topo das habilidades mais buscadas por empregadores em 2019 – e é a 1º entre as 300 mais valiosas capacidades para um profissional do futuro.
Criative-se é uma palavra inventada que também simboliza a (re)invenção que empresas e profissionais precisam fazer nestes tempos de mudança acelerada, de quebra de paradigmas e de construção de valores, produtos e mercados que até há pouco não existiam. A crise piora o cenário, claro. E ela também ofusca o olhar do médio e longo prazos, porque fica sempre mais difícil olhar a paisagem quando se está a 200 km/h. Mas neste veloz congestionamento cotidiano de verdades e mentiras, é a criatividade que nos permite reinventar o real e até a nós mesmos. É ela que nos faz sempre novos, atualizados, curiosos com o que há por vir. É a criatividade que nos faz contemporâneos do futuro. Até porque é sempre bom lembrar não é o novo que mata o velho, é a forma antiga de pensar e a falta de curiosidade que nos envelhecem.