Por estar a Brigada Militar (BM) na linha de frente do combate à criminalidade, uma das maiores inquietações dos gaúchos, o cargo de comandante-geral da instituição se configura em uma das mais importantes funções da administração pública no Rio Grande do Sul. Ontem, no dia que assumiu o posto, o coronel Rodrigo Mohr Picon concedeu longa entrevista à Rádio Gaúcha e demonstrou ter profundo conhecimento dos problemas relacionados à área da segurança tanto nos pontos referentes ao planejamento das ações mais amplas e necessidades da BM quanto das questões atinentes ao enfrentamento diário com a bandidagem nas ruas do Estado.
Rodrigo Mohr Picon assume com a responsabilidade de dar continuidade ao elogiável trabalho do coronel Mário Ikeda, que deixou significativa redução nos índices de criminalidade como legado
Após uma transição serena, parece estar em boas mãos a Brigada Militar, que também ontem celebrou os seus 182 anos. Além de imprimir sua marca pessoal, Picon assume com a responsabilidade de dar continuidade ao elogiável trabalho do coronel Mário Ikeda, que deixou o comando da BM após um ano e sete meses na função e uma significativa contribuição para a redução dos índices de criminalidade. Outra prova de maturidade institucional, é importante ressaltar, é a chegada de uma mulher ao alto escalão, com a coronel Cristine Rasbold, 56 anos, tomando posse como chefe do Estado-Maior, responsável pelo planejamento estratégico da corporação.
A nova gestão, pelas palavras de Picon, reconhece os serviços de inteligência e a tecnologia como elementos centrais na batalha para reduzir ainda mais as estatísticas de crimes no Rio Grande do Sul. E indica que vai apostar nas técnicas mais avançadas à disposição para tentar estar sempre um passo à frente das quadrilhas, que também se mostram cada vez mais sofisticadas em suas ações.
Mesmo com a dramática falta de recursos do Estado, a Brigada Militar – assim como toda a área de segurança, a saúde e a educação – tem de ser preservada ao máximo da crise financeira. São as atividades mais importantes hoje do poder público no atendimento direto ao cidadão. Ao mesmo tempo, formam o tripé em que se apoia a qualidade de vida de qualquer território e, quando são deficientes, o resultado direto é o comprometimento dos investimentos necessários ao desenvolvimento.
No caso específico da segurança, há a saída via Lei de Incentivo à Segurança, que prevê a possibilidade de empresários destinarem até 5% do saldo devido de ICMS para o aparelhamento das forças policiais do Rio Grande do Sul. A legislação tem potencial de promover uma revolução na capacidade de aquisição de veículos, armamentos, coletes, câmeras e outros diversos itens essenciais à atividade. Tem tudo ainda para servir de modelo para outras unidades da federação. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, três empresas da região de Erechim já repassaram R$ 147 mil, que foram destinados para suprir necessidades da BM e da Polícia Civil. Há outras tratativas avançadas, conforme a pasta. É imprescindível agilizar a aplicação da nova lei para que o Estado prossiga ganhando terreno na queda de braço diária com a criminalidade.