Por Stephen Doral Stefani, médico
Durante muito tempo, uma imagem que melhor ilustrou a profissão médica foi retratada por Samuel Luke Fildes, na pintura The Doctor , de 1891. O compenetrado profissional, com a mão no queixo, senta ao lado de uma criança doente deitada em sua casa. Considerando que a primeira anestesia foi em 1846 e a penicilina descoberta em 1928, é justo imaginar que a profissão modificava muito pouco a evolução natural das doenças.
Já se sabia, entretanto, da importância de cuidar não só da doença (se ganha ou se perde) mas do paciente (sempre se ganha), parafraseando Patch Adams, famoso por sua metodologia no tratamento de enfermos e pelo filme de 1998, com Robin Willians. Durante o curso de medicina, Adams tornou-se conhecido pela conduta proeminentemente feliz e apaixonada pelos pacientes.
Convencido da conexão entre o ambiente e o bem estar, acreditava que a saúde de um indivíduo não pode ser separada da saúde da família, da comunidade e do mundo. Hoje temos mais ferramentas, sofisticadas e efetivas. Há um crescimento exponencial do conhecimento técnico. Diagnósticos são rápidos e precisos. Doenças incuráveis já são curadas ou cronificadas. A expectativa média de vida mudou, seja por contribuições na saúde individual ou coletiva.
Desde a pintura de Fildes, passando por Patch Adams, até terapias imunológicas de última geração, a maioria dos avanços foi porque o médico estava lá. Estava ao lado do paciente. O médico deve ser o acúmulo dessas habilidades e conhecimento.
Deixo, então, minha mensagem, principalmente para os jovens colegas e aspirantes a profissão: curar quando possível mas ajudar sempre; a hora do atendimento é preciosa para o paciente e deve se honrar isso; médicos que só trabalham pelo dinheiro geralmente não são bons; quando más notícias não te afetam é porque algo se perdeu; e, um resumo de tudo, medicina não é um emprego, é um privilégio. E um feliz dia do médico.