Por Cláudio Galvão de Castro Junior, chefe do Serviço de Oncologia e Hematologia Pediátricas - Santa Casa de Porto Alegre, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (2019 -2020)
O câncer infantojuvenil deve acometer, no Brasil, cerca de 13 mil crianças e adolescentes no ano de 2019. Como a diminuição de causas de mortalidade associadas à desnutrição e doenças que podem ser prevenidas com vacinas, o câncer infantojuvenil emergiu como a segunda maior causa de morte entre um a 19 anos de idade no Brasil, perdendo apenas para causas externas como acidentes e homicídios. Só essa informação torna esse problema relevante e digno de atenção, uma vez que, nessa faixa etária, as mortes são pouco frequentes. Com relação ao câncer infantojuvenil, diferente do que acontece com um percentual significativo de doenças que acometem os adultos, é quase impossível prevenir o surgimento de novos casos, uma vez que eles não estão associados a fatores de risco conhecidos como tabagismo. Também sabemos que menos de 10% dos casos tem alguma relação com doenças hereditárias.
Assim, educar profissionais da área de saúde e os pais para que suspeitem de sinais associados ao câncer, propiciando um diagnóstico precoce, que faz com que os pacientes sejam atendidos com brevidade evitando o crescimento do tumor e o agravamento do quadro. A outra ação importante é o atendimento desses pacientes em centros de referência, por médicos devidamente capacitados, no caso os oncologistas pediatras. São esses centros que concentram a maioria dos casos e a expertise necessária para o correto atendimento dessas crianças e jovens.
Num país carente como o nosso é fundamental destacar o papel das instituições de apoio, muitas delas oferecendo alojamentos, transporte e cestas básicas para pacientes e familiares, diminuindo significativamente taxas de abandono do tratamento, que eram um grande problema há alguns anos atrás.
No Brasil, temos conseguido em torno de 70% de cura de nossas crianças. São muitas conquistas e muitas dificuldades. Precisamos melhorar ainda mais o acesso aos bons serviços e disponibilizar medicamentos de qualidade.
Avançamos muito e somos orgulhosos disso, mas precisamos avançar mais. Temos a esperança de que, em um novo governo possamos estabelecer boas leis e políticas para todos os brasileiros que venham a ser acometidos pelo câncer infantojuvenil.