Por Daniel Souto Silveira, presidente da Sociedade de Cardiologia do RS (SOCERGS)
De cada dez pessoas que morrem de doenças cardiovasculares no país, seis são vítimas de infartos ou acidentes vasculares cerebrais – AVCs, popularmente conhecidos como derrames. Apesar de ter havido uma queda no número de mortes – de 362.091 em 2016 para 358.852 em 2017 – esta ainda é a maior causa de óbitos no país. Esses dados não foram escolhidos por acaso para iniciar o texto, pois estamos, aqui no Brasil, com o pisca alerta mais do que ligado. Mesmo com a sensação que as pessoas praticam mais esportes e levam uma vida mais saudável, os brasileiros já se comparam com os índices dos americanos nos principais fatores de risco.
Aqui no Rio Grande do Sul, os dados são ainda mais alarmantes. O estado lidera o número de mortes por AVC e por infarto, na região sul do país. Apesar de possuir a mesma população do Paraná, o número de óbitos por AVC no Estado foi de 7.417, enquanto no Paraná foram 5.998 mortes em 2017 e 2.812, em Santa Catarina, no mesmo ano. Os gaúchos também lideram o ranking de infartos, com 7.207. A Sociedade de Cardiologia do RS tem, há sete décadas, destacado o quanto a prevenção é a saída para mudar essa realidade.
Alimentação inadequada, controle do colesterol e da pressão arterial, tabagismo, diabetes, obesidade e sedentarismo estão todos com números acima do ideal. Segundo dados recentes do Vigitel, 14,4% da população de Porto Alegre possui o hábito de fumar. No país, este percentual é de 9,3%. A consequência do descaso com o coração é conhecida mundialmente e os números estampam a realidade, matando prematuramente muitos familiares e amigos que, se adotassem pequenos gestos, já mudariam esse cenário. Aqui no Sul, especificamente, além da alimentação mais rica em carne – que traz sal e gordura, lidamos com diferenças de temperaturas que podem ser usadas como desculpas para não se exercitar. Nunca é tarde para mudar os hábitos e melhorar a qualidade de vida. Portanto, vamos aproveitar que já estamos na primavera e tomar a iniciativa de cuidar mais da saúde do coração.