Por João Batista Loredo de Souza, diretor geral da Unicred Porto Alegre
Apesar de ser a 9º economia, em 2018 o Brasil teve participação no comércio mundial de apenas 1,1%. De acordo com a OMC, isso é decorrente da falta de acordos e parcerias internacionais e foco apenas no Mercosul. Somos uma economia praticamente fechada frente ao enorme potencial de crescimento que temos.
As razões desse quase isolamento são inúmeras, como a falta de competitividade, o custo decorrente principalmente das deficiências da nossa malha de transportes, da obsolescência dos portos, da politização da economia, da falta de cultura em pesquisa e inovação e por aí afora. Esses fatores são possíveis de correção, alguns com mais celeridade já outros dependendo de esforços maiores.
O acordo do Mercosul com a União Europeia vem resolver o diagnóstico da OMC (Organização Mundial do Comércio), mas para isso precisamos fazer vários deveres de casa, para que seja interessante para todos. Somos muito bons em alguns setores, como os extrativos-minerais (porém esses possuem baixo custo agregado), e na agropecuária, onde estamos entre os melhores do mundo em termos de competitividade e qualidade, mas com pouco valor agregado.
Em geral, a UE é representada por um conjunto de países com culturas milenares e sofisticadas, altíssima renda e nível de exigência. Porém tem um setor primário altamente subsidiado, o que nos favorece, pois de fato é pouco eficiente. Se soubermos aproveitar as nossas vantagens competitivas, aumentaremos o volume de transações, e podemos também aproveitar o acordo para acelerarmos nosso processo de crescimento tecnológico.
Em termos de Rio Grande do Sul, temos um pouco de tudo que foi apresentado, mais um competitivo polo moveleiro, porém enfrentamos ameaças em relação à vitivinicultura, onde tivemos avanços importantes nos últimos anos. Nossas fragilidades são principalmente no que se refere a uma carga tributária draconiana que, se não for atacada de forma efetiva e inteligente, pode acarretar perdas irreparáveis nesse setor.
Acorda, Brasil! Vamos vencer esse desafio? Quem se habilita?