Por Daiçon Maciel da Silva, prefeito de Santo Antônio da Patrulha
Não arrisco em dizer que a falta de médicos é um dos maiores problemas que afligem os gestores públicos quando o assunto é saúde. A saída de Cuba do programa Mais Médicos, com o fim do convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em novembro de 2018, só agravou a grande dor de cabeça para prefeitos de todo o país. O programa já surgiu para preencher esta lacuna, que a população tanto nos exige.
Apesar de haver preconceito em algumas regiões, só tenho pontos positivos a relatar sobre a atuação de médicos cubanos em meu município. Eram atenciosos e dedicados.
A nova contratação de profissionais brasileiros para atuar no Mais Médicos trouxe sim, um novo fôlego. Mas, em menos de seis meses de experiência, constatamos a falta de sucesso nessa substituição. É até curioso, mas os médicos brasileiros tiveram mais dificuldade de adaptação do que os estrangeiros. Muitos encaram a participação no programa como algo passageiro, com vistas a uma contratação mais lucrativa.
Fora do programa, os municípios não têm conseguido contratar médicos para o quadro, pois os salários que oferecemos não são atrativos. Aliado a isso, está a exigência do cumprimento de carga horária.
É muito bom que o médico, servidor público não possa só dar uma "passada" no posto de saúde, mas a verdade é que eles ganham muito mais no consultório.
As aposentadorias daqueles que conseguimos contratar no passado estão chegando e as desistências dos que foram selecionados para Mais Médicos neste ano também. E nós? Prefeitos, secretários de Saúde, o que diremos para a população que está já está cansada do sistema das filas e fichas?
O Ministério da Saúde está lançando o Médicos pelo Brasil. O objetivo é atender áreas mais carentes, o que é correto. No entanto, algo mais precisa ser feito, caso contrário, em breve não teremos médicos na atenção básica das cidades. Contamos com a CNM, com a Famurs, lutando pelos municípios neste pleito junto governo federal. Precisamos de mais médicos para o Brasil.