Por Rodrigo Dutra, coordenador-geral de Gestão da Biodiversidade, Florestas e Recuperação Ambiental do Ibama
O javali europeu pode ser considerado o ancestral de nosso porco doméstico, com a diferença de não possuir séculos de melhoramento genético para produção de carne, mas contendo toda a rusticidade da espécie silvestre.
No Rio Grande do Sul, estima-se que a espécie esteja presente desde os anos 1980, tanto por invasão, via Uruguai, quanto por criações autorizadas à época. Atualmente, a criação é proibida e os poucos criadouros no Estado já foram encerrados.
Ocorre que, devido a diversos fatores, naturais ou de manejo humano, o javali, que é uma das piores espécies invasoras do mundo, se alastrou pelo país, estando oficialmente registrado, em 2016, em 116 municípios gaúchos e 700 no Brasil.
Os danos mais conhecidos são os agrícolas, quando esses animais destroem lavouras de grãos. No Rio Grande do Sul, há de se destacar as predações que impactam a ovinocultura. Além disso, as varas de javali impactam o meio ambiente, destruindo nascentes, atacando espécies da fauna nativa, em especial filhotes e ovos de aves que nidificam no chão.
O regramento para abate consta em normativa do Ibama, devendo os controladores (13 mil no RS) estar previamente cadastrados e apresentar relatórios das atividades realizadas, em sistema online do Ibama (Simaf). Essas informações contribuem para a coleta de dados para formulação de estratégias e políticas públicas.
Ressalta-se que a legislação brasileira não permite maus-tratos aos animais, devendo a espécie exótica invasora ser abatida com celeridade e sem sofrimento desnecessário.
Assim, é imperioso que tanto os órgãos da União, Estados e municípios quanto a sociedade civil envolvida com o tema façam ações conjuntas de prevenção e controle da espécie exótica invasora, como prevê o plano nacional instituído pelo Ministério da Agricultura (Mapa) e do Meio Ambiente (MMA), firmado em 2017.