Por André Luis Costa, presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos do RS (Fecam)
Há mais de 30 anos, a categoria dos transportadores autônomos de carga vem deparando com a deterioração de seu sustento. Em 1984, a Lei 7.290 definiu quem é e o que faz o transportador autônomo, ou caminhoneiro, como a sociedade se acostumou a chamar. A partir daí, a categoria vem perdendo sua autonomia, a ponto de hoje ser apenas um prestador de serviço a dois senhores: empresas de transporte e cooperativas. A profissão perdeu o romantismo pelas dificuldades naturais do mercado, pelo crescimento do número de caminhões, de empresas ou de aventureiros, que se transformam em calamidade a cada crise.
O autônomo não precisa de paternalismo. Isso é subestimar sua capacidade de gestão. Necessita de condições de trabalho, dignidade, mercado justo e garantia de trabalho. Essa garantia não significa ter reservada parcela de transporte para o autônomo apadrinhado pelos governos. Significa voltar à essência. Tornar a negociar, por acordo coletivo, por sua representatividade, ou por acordos setoriais, preservados os custos mínimos, ou ainda diretamente com o contratante. Durante esses anos todos, houve gritos de socorro, por meio de paralisações. Algumas com êxito, outras desastrosas. O papel dos representantes constituídos da categoria não é apenas defender posições de forma intransigente, mas, sim, expor à própria categoria a necessidade de evoluir com o mercado.
Aí chegou o piso mínimo de frete, que muitos confundem com tabela ou mesmo com preço de frete. O piso é a constituição de um custo operacional para carregar uma tonelada por quilômetro.
É complexo criar um piso para um país continental. Mas há que se reconhecer a perseverança do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes. Usando seu conhecimento, tenta manter o transporte na estrada, enquanto discute a melhor maneira de solucionar o problema do caminhoneiro.
Serenidade, bom senso e um mínimo de conhecimento é do que precisamos para chegar a bom termo, sem contaminação político-partidária, ranços ou soluções mirabolantes. Precisamos, sim, de forma séria e duradoura, de bons acordos que devolvam o transportador autônomo à estrada e em condições de se sustentar. Assim o Brasil também cresce.