Em um país onde obras públicas são sinônimo de atraso, merecem reconhecimento o esforço e a capacidade técnica do Exército, que assumiu um trecho da duplicação da BR-116 e promete concluir a tarefa antes do prazo contratual. Os 50 quilômetros que há pouco mais de seis meses passaram a ser responsabilidade do 1º Batalhão Ferroviário, pelo cronograma original, deveriam estar prontos no início de 2022, mas o chefe do Comando Militar do Sul, general Geraldo Antônio Miotto, surpreendeu positivamente ao afirmar que os primeiros trechos começam a ser liberados no próximo ano.
Com grande movimento, foi a rodovia gaúcha que mais registrou vítimas fatais entre 2007 e 2018
Além da agilidade, é digna de elogio a atenção com a qualidade do pavimento, um cuidado essencial para que a via, como bem sabe quem circula pelas estradas brasileiras, não fique tomada de buracos e outros defeitos na pista pouco tempo após o trânsito ser liberado. O local, entre Guaíba e Tapes, onde cerca de 180 homens do Exército agora trabalham incansavelmente estava sem operários e máquinas desde 2016, quando a construtora contratada para executar o serviço começou a sucumbir à crise, até ter de recorrer à recuperação judicial e acabar tendo o contrato rescindido com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). Onde o cenário era de abandono, o ritmo agora é acelerado. Uma agilidade que também cria a expectativa dos gaúchos de que outras estradas, com obras congeladas ou em velocidade reduzida, possam ser assumidas pelos serviços de engenharia e tropas do batalhão que soma mais de um século e meio de história.
A duplicação da BR-116 é a prioridade número 1 entre as obras nas rodovias federais gaúchas. Com grande movimento, a estrada foi a que mais registrou vítimas fatais nos últimos anos no Estado. De 2007 a 2018, mais de 1,2 mil pessoas perderam a vida em acidentes na via. É uma carnificina inaceitável, e parte dela pode ser atribuída à grande demora na duplicação da estrada. Vale lembrar que as obras na rodovia começaram em 2012. A previsão original era de que estivesse pronta em 2015. Quando estiver duplicada, com a sua capacidade de tráfego ampliada, a BR-116 trará ainda um grande impulso à economia gaúcha, facilitando o transporte de mercadorias da Região Metropolitana e Serra para serem exportadas pelo Porto de Rio Grande.
Segundo o Dnit, todos os trechos da duplicação, entre Guaíba e Pelotas, têm obras em andamento. Mesmo com o comprometimento do governo federal de entregar o projeto, é preciso manter a mobilização, não só na Zona Sul, mas em todo o Estado, para afastar qualquer risco de nova frustração. Os indícios, porém, são positivos, com a possibilidade de os primeiros quilômetros da rodovia serem entregues no início de agosto.