Por Antonio Hohlfeldt, presidente da Fundação Theatro São Pedro
Hoje, o Theatro São Pedro completa 161 anos de existência. Lugar do drama – da ação; palco da revelação trágica ou da denúncia cômica; o teatro foi, sobretudo, o espaço da transformação. O próprio teatro se transformou, por exemplo, no tipo de espetáculo, no conceito do que seja a performance, sobretudo, nas exigências técnicas do palco e da plateia, visando possibilitar, ao artista, as melhores condições possíveis de atuação e, ao espectador, as melhores condições de fruição.
Nosso Theatro São Pedro recebeu a mesma denominação que o santo padroeiro da província. Isso lhe possibilitou, de um lado, a proteção superior da santidade do padrinho. Mas, ao mesmo tempo, vinculou-o a um compromisso moral que é social: ser o lugar de todas as ideias, ser o espaço de todos os debates, ser a reunião de todas as pessoas. Constituir-se, enfim, num locus de democracia e de garantia da liberdade.
Eva Sopher teve um lampejo de compreensão abrangente e universalista quando aceitou não apenas coordenar as ações de reconstrução do velho prédio, que é um dos ícones da cidade de Porto Alegre, mas acrescer-lhe uma nova construção, o Multipalco, que hoje leva o seu nome. Dona Eva, para todos nós, não é memória, é presença. É ela quem nos guia e nos inspira quanto às decisões de trabalho e quanto às escolhas da programação artística. Mais do que nunca, o Theatro São Pedro, com todos os seus espaços anexos do Multipalco, como a Sala da Música, passando pela Concha Acústica ou pelo futuro Teatro Oficina, tem o compromisso de buscar, permanentemente, captar espetáculos para entregá-los ao público. Esta é a nossa missão. Atuar sem cessar, diversificar, buscar o novo, procurar o melhor: estar, enfim, em sintonia com o espírito do nosso tempo. Esta é a vocação do nosso teatro.