Parecia mesmo questão de tempo para que uma parte dos assentamentos da reforma agrária começasse a ser alvo de fraudes. Reportagem da RBS TV veiculada no domingo, no Fantástico, mostra como os projetos de distribuição de terra, pensados para corrigir a concentração fundiária no país, tornaram-se objeto de exploração comercial ilegal por quem recebeu as glebas. Irregularidades como um feirão de terrenos e casas e a construção até de um parque temático em uma das áreas, flagradas pelo repórter Giovani Grizotti, merecem uma profunda investigação por parte do Estado e do governo federal.
Seria de esperar que as próprias lideranças dos agricultores agissem para não deixar as fraudes prosperarem
A reforma agrária, feita com um alto custo para a nação e muitas vezes maculada pelo discurso ideológico, tem sua credibilidade abalada quando uma minoria acaba contaminando a sua imagem e prejudicando quem de fato produz. Seria de esperar, portanto, que as próprias lideranças dos agricultores agissem para não deixar as fraudes prosperarem. Diante da burla, faz bem a União em anunciar um pente-fino nos cadastros e nas propriedades para corrigir erros e impedir que uma iniciativa importante do ponto de vista social e econômico fique ainda mais denegrida.
