Por Miguel de Souza Almeida, presidente da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (ASMURC) e prefeito de Minas do Leão
"Somos absolutamente a favor das minas de carvão, e temos orgulho disso." A frase da prefeita Ann Taylor, de Moranbah, na Austrália, poderia ser assinada por todos os prefeitos da Região Carbonífera gaúcha. Aliás, no país dos cangurus, o carvão é o segundo maior gerador de receita: US$ 42 bilhões por ano. Por que o Rio Grande do Sul não poderia ter aspiração semelhante, considerando que temos a maior reserva nacional?
A Alemanha utiliza 40% do recurso para gerar energia elétrica sustentável. Até 2018, a China já tinha investido US$ 35 bilhões no setor – inclusive aqui. No Japão, até 2030 mais de 25% da eletricidade será proveniente do carvão. Tudo de forma inteligente, aplicando a mais alta tecnologia para redução de poluentes.
Enquanto as nações mais prósperas emprestam lições de como evoluir, o RS insiste na grenalização provinciana e ideológica que nos faz perpetuar o esgotamento financeiro e social. Essa retórica envelhecida e sem argumentos técnicos serve apenas para majorar a miséria.
Ao contrário do que muitos dizem, o carvão limpo e renovável dá certo. Não produz danos ambientais, bem diferente do que defendeu o ex-governador Jair Soares em audiência no Palácio Piratini. Gera trabalho e riqueza. Sejamos intelectualmente honestos: comparar Brumadinho com o nosso Polo Carboquímico é, no mínimo, descabido.
A implantação do polo – que virá com o acompanhamento do Ministério Público e dos órgãos ambientais e fiscalizadores – significará o investimento de US$ 1,3 bilhão. A reserva estimada é para 500 anos. Entre 2019 e 2042, representará até R$ 23 bilhões de impacto no PIB, R$ 3 bilhões em ICMS e 7,5 mil empregos diretos.
Tudo isso deve ser deixado de lado? Há reservas subaproveitadas, capazes de mudar a realidade de uma das regiões mais empobrecidas do Estado. É necessário consultar os reais interessados: a população regional. E liderar esse processo também cabe aos gestores da Associação dos Municípios da Região Carbonífera – que vivem o drama da insuficiência todos os dias. Se os governos têm pouco a oferecer, precisam abrir espaço a quem está disposto a transformar. Ficar de costas para o progresso é irresponsável.