Por Rafael Souto, sócio-fundador e CEO da Produtive Carreira e Conexões com o Mercado
Os dados sobre desemprego não melhoram há alguns anos no Brasil. Infelizmente, seguimos em uma crise persistente, com mais de 13 milhões de pessoas sem trabalho. A imensa maioria dos profissionais não consegue contar com ajuda especializada para se recolocar. Fazem isso sozinhos e lutam contra todas as dificuldades para superar um momento difícil, que mexe com nossos mais profundos medos e angústias.
Acompanho pessoas em transição de carreira há 24 anos. E, nesse longo período, percebo que existem diversos fatores que determinam o êxito na busca de um novo trabalho, mas três deles são decisivos.
O primeiro é o foco. Um profissional em recolocação precisa ter clareza sobre quais problemas consegue resolver em uma empresa. É uma idiotice pensar que elas buscam generalistas. O mercado funciona na era da hiperespecialização das carreiras. Basta ler as descrições das vagas abertas para perceber que as empresas querem pessoas com foco bem definido.
O desespero por encontrar uma posição e começar a buscar qualquer coisa só piora o resultado. Nenhum contratante admite alguém só para ajudar a diminuir o desemprego. As empresas contratam pessoas que possam dar os resultados esperados e reduzir os riscos de uma contratação frustrada. Ter foco significa ter uma área de trabalho bem definida – por exemplo, a de vendas. Dessa forma, será possível comunicar o objetivo de maneira clara no currículo, em uma entrevista ou nas redes sociais. Saber em que contribuir e buscar as posições alinhadas a esse foco são um dos pontos mais importantes para uma recolocação no mercado de trabalho.
O segundo fator de sucesso em uma transição é a construção de uma rede de contatos. Boa parte das recolocações vem de indicações de outros profissionais. Quem está buscando trabalho precisa acionar esses contatos para saber o que está acontecendo no mercado. Trocar informações, oxigenar as estratégias, ajudar e ser ajudado. Esse é o espírito do networking. Uma rede de contatos potente é um elemento chave para gerar oportunidades de trabalho.
Já o terceiro aspecto para uma transição bem-sucedida é a curiosidade. O comportamento de exploração ativa de possibilidades é o motor do protagonismo na carreira. A curiosidade no momento de recolocação se manifesta de várias formas, começando pela busca de empresas e novos contatos, depois passando por outras ações como investigar melhorias no desempenho em entrevistas, descobrir cursos para fazer, entender o que o mercado está buscando e organizar a rotina diária de busca por trabalho. Tudo dependerá de curiosidade e exploração ativa.