Por Alexandre Fetter, comunicador e apresentador do programa Pretinho Básico
É muito amplo e ainda incompreendido o conceito de humor. Sobretudo o que se permite e se espera do humor nas mídias.
Faço programas de humor há quase 30 anos e percebo claramente a mudança na percepção do público do que de fato é engraçado e o que fere o sentimento alheio. Brincar com minorias, diferenças e tragédias sempre foi uma de nossas especialidades. Mas não há mais espaço no humor para brincarmos e rirmos com o sentimento alheio. Não me parece engraçado fazer zoeira com a desgraça.
Ofender, agredir e humilhar é o limite do humor.
Não foram poucos os processos movidos contra os programas de humor que participei e participo. Gente que se sentiu agredida, ofendida e humilhada.
A imensa maioria com ganho de causa ao programa, claro, pela simples razão de que o juiz entendeu que não houve a intenção, na prática, da ofensa, da injúria, da difamação ou da calúnia naqueles episódios. Simples assim. Não houve.
Mas algumas pessoas se sentiram agredidas com nosso tipo de humor. Isso é o que fica, e precisamos mudar para não agredirmos e não ofendermos ninguém.
Divirjo das ideias políticas da deputada Maria do Rosário, ainda que a respeite como ser humano, não acho o Danilo Gentili o humorista mais genial do Brasil, ainda que reconheça seu talento, não tenho formação para analisar a pena, mas reservados os contextos, não houve excesso ou abuso de licença artística ao humor no que levou à condenação do humorista. Sequer houve humor.
Humor é uma coisa.
Divergência política é outra.