Osvino Toillier, mestre em Educação e vice-presidente do Sinepe/RS
Sempre lembro com respeito a formulação poética do Rubem Alves: "A missão do professor e da escola é ajudar a descobrir a beleza adormecida em cada ser humano e abrir as avenidas fundamentais dos sonhos". Este pensamento emerge em meio à polêmica que se instalou no país por conta da carta do ministro da Educação, que sugere às escolas que os alunos cantem o Hino Nacional, filmando esta atividade e enviando para o MEC.
A reação Brasil afora foi de indignação, por conta dos elementos que foram agregados à carta, como frases da campanha política, enaltecendo o momento que o país vive, condicionando a formação das crianças e jovens e colocando-os a serviço de proposta de governo. A mobilização foi tanta, que na terça-feira o MEC enviou nova carta retirando a frase utilizada em campanha eleitoral.
Queremos cantar o Hino Nacional pelo orgulho que sentimos do nosso país, pelos valores que evoca, mas não porque temos de obedecer ao ministro da Educação. Não podemos permitir que a escola seja apequenada e tenha de se perfilar diante do ministro, filmar a atividade como prova de que cumprimos nosso dever. Lembramos também que a escola particular tem autonomia e liberdade para executar seu projeto pedagógico, previstas em Constituição, e isso deve ser respeitado.
O papel da escola é de educar nossas crianças e jovens para que incorporem os valores sagrados de nossa pátria, vivenciem os padrões éticos, sejam responsáveis e solidários, para que tenhamos uma sociedade que engrandeça e orgulhe o Brasil.
Temos certeza de que os alunos vão continuar cantando o Hino, não porque o ministro pediu, mas porque acreditamos no compromisso com formação de valores que sustentam a sociedade democrática.
Não aceitamos ser massa de manobra, mas nos comprometemos com a formação de consciências livres, com livre arbítrio e compromisso de honrar a bandeira, como pálio sagrado.
Só temos compromisso com a consciência e não com imposições que pretendem suprimir a liberdade de a escola escolher o caminho para a formação cívica dos seus alunos.