Por Marco Antônio Bezerra Campos, advogado
O tema das bebidas alcoólicas nos estádios de futebol é um assunto polêmico no mundo inteiro. Agora se cogita de submeter os espectadores a testes de bafômetro na entrada dos estádios. Para mim parece um equívoco. Além de inevitavelmente criar filas e embaraços intermináveis, a medida proposta vai ser origem de problemas óbvios: todos serão testados? A autoridade escolhe aleatoriamente? Só faz o teste quem "parece"estar embriagado? Quem se recusar vai ser barrado?
Soprar o bafômetro na entrada do estádio não me parece solução. Acho que ideias dogmáticas e definitivas sobre o tema evidenciam arrogância, pretensão e um injustificável desprezo por quem pensa diferente, uma triste doença dos nossos tempos.
Depois da aprovação de um Projeto de Lei, pela Assembleia liberando as bebidas nos estádios, o governador Eduardo Leite usou de seu direito de veto, mantendo a atual proibição. Um dos efeitos colaterais da proibição é motivar as pessoas a beber antes de chegar nos estádios, criando um verdadeiro "cinturão" de venda e consumo de bebida ao redor do local do jogo.
Por filosofia, em princípio, acho as proibições quase sempre as soluções mais fáceis e raramente as mais perfeitas. Prefiro uma regulamentação mais democrática, detalhada e, como resultado de debates profundos sobre o tema.
Nos EUA, a venda de bebidas em ginásios e estádios vai somente até o terceiro quarto do jogo. Na Inglaterra, os bares do estádio vendem bebidas mas o espectador tem que consumi-las fora da área em que se assiste o jogo. Nestes países desenvolvidos, a organização do evento é acionada se um espectador – pela ingestão exagerada de bebida – se comportar inconvenientemente. Ele será "conduzido" para fora do estádio sem discussão.
Uma questão relevante e complexa como esta merece discussão mais técnica, detalhada e despida de paixões e interesses (contra e a favor). Acho que todos nós estamos agindo como bêbados nas discussões em busca de respostas.