Por Bruno Hoffmann, CEO da Esplanada Comunicação Estratégica
É interessante que a eleição mais importante de 2019 – para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal – não tenha efetivamente mobilizado a população. Tanto é que muitos dos nomes cogitados para serem presidentes não estão fazendo campanha pública. Entre os 17 candidatos, menos da metade está fazendo campanha em redes sociais ou se colocando publicamente. As articulações são feitas nos corredores do Congresso, em restaurantes de Brasília, em reuniões fechadas Brasil afora e em notas nas colunas políticas.
Não é possível que uma eleição como esta, que pode ditar os rumos do país no próximo quadriênio, seja decidida desta forma, sem que a população esteja mobilizada em torno da disputa.
Sim, claro, agora os "eleitores" são eles, mas no final, são os interesses da população que devem prevalecer. Com a população engajada, entendendo as diferenças entre os candidatos e o rumo que cada Casa tomaria, teria muito mais condições de pressionar os votos dos seus representantes. É o verdadeiro eleitor no centro da decisão, mesmo que seja uma eleição parlamentar.
Política boa é aquela que informa, que é pública, que mobiliza e se credencia com a população todos os dias – e a campanha não pode ser diferente. Estamos nos tempos das causas, de buscar apoio público.
São tempos também de reformas. Imaginem, por exemplo, partidos com liberdade de propaganda partidária. Liberdade para optar e pagar com seus próprios recursos por seus anúncios nos grandes veículos e novas mídias – quando e onde quiser. Assim seriam mais estratégicos, mais responsáveis com suas verbas e mais motivados a buscar doações de pessoas físicas. Teriam que se aproximar de fato da população, enfim, mais uma razão para os partidos se reinventarem.
Se quisermos pressionar o Parlamento, o primeiro e mais importante passo é nos envolvermos nessas eleições. Aqueles que aguardam determinados temas irem para o debate ou votação para iniciar suas mobilizações estão pecando ao não dar a devida atenção à reais consequências das eleições mais importantes do ano.