Por Josep M. Piqué, presidente da La Salle Technova Barcelona e mentor do Pacto Alegre
Durante os anos que estive à frente da Associação Internacional de Parques Científicos e Tecnológicos, tive a oportunidade de estar em 50 Ecossistemas de Inovação de todo o mundo. Do Vale do Silício a Boston, de Medellín a Melbourne, de Porto Alegre a Barcelona, minha cidade. Em todos eles encontrei a mesma constante: talento e tecnologia como base para a construção do futuro.
Já é possível afirmar que a sociedade e a economia do conhecimento se baseiam na capacidade das regiões de valorizarem o próprio talento, e criar e usar a tecnologia como fonte de inovação para uma gestão eficiente dos serviços públicos, competitividade empresarial, empreendedorismo e inclusão social.
Graças à sua função educativa, são as universidades que formam as novas gerações de talentos e desenvolvem as novas tecnologias. São, sobretudo, um dos pilares básicos do futuro. Somente as cidades que as colocam no centro de suas estratégias de inovação vão conseguir transformar sua economia e sociedade.
Impulsionada pela UFRGS, pela PUCRS e pela Unisinos, a Aliança para Inovação lançou as bases para o Pacto de Inovação de Porto Alegre. Com o apoio do prefeito Nelson Marchezan e do tecido empresarial da capital gaúcha, convidamos todos os agentes da cidade a compartilhar uma visão de uma capital inovadora.
Nos meus encontros com o empresariado gaúcho, sempre fiquei agradavelmente surpreso ao ver como eles tem competido, dentro e fora do Brasil. Empreendedores conscientes dos desafios tecnológicos e da necessidade de conectar a inovação das startups com a experiência das grandes empresas.
Também quero destacar a preocupação dos partidos políticos. Delegações visitaram a cidade de Barcelona ansiosos para aplicar as lições da minha cidade em Porto Alegre. O próprio prefeito expressou explicitamente que não haverá uma capital inovadora se não houver administração pública inovadora.
Tive a oportunidade de visitar o Tecnopuc, o Tecnosinos, o Zenit e o 4º Distrito e conheci pessoalmente a Vila Flores e outros projetos do Distrito Criativo. São excelentes exemplos das habilidades, da criatividade e do talento de Porto Alegre e de como sua sociedade civil é organizada para promover o desenvolvimento da região.
A articulação das universidades, governo e indústria, em conjunto com a sociedade civil organizada no "Pacto Alegre", garantirá uma visão consensual de uma cidade inovadora em suas dimensões social, econômica, urbana e de governança.
Para isso, será necessário, após mapear as capacidades da capital, entender e priorizar os desafios da região. E, assim, promover projetos através do envolvimento de todos os agentes da cidade.
O Pacto pela Inovação de Porto Alegre abre o caminho e dá as bases para um Grande Pacto do Rio Grande do Sul, motivo de esperança de que o futuro esteja em nossas mãos.