Apesar da resistência de alguns setores da Receita Federal, é positiva a sinalização de que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), hoje ligado ao Ministério da Fazenda, seja vinculado à área de Justiça e Segurança Pública, a ser comandada a partir de janeiro por Sergio Moro. O ex-comandante da Lava-Jato em Curitiba prepara-se para assumir o cargo com as atenções voltadas à luta contra a corrupção e à redução dos números da violência. O combate ao crime só é eficiente quando consegue sufocar financeiramente os cartéis e as facções, o que exige ações e decisões centralizadas como as previstas agora.
O futuro ministro da Justiça tem fortes razões pessoais para colocar o Coaf sob o guarda-chuva da Justiça. Muitas movimentações financeiras atípicas realizadas durante o período em que o órgão esteve ligado ao Ministério da Fazenda não resultaram de fato em providências efetivas. A instituição, porém, tem como foco o combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. A intenção, a partir do próximo ano, é fazer com que esses casos sejam acompanhados em tempo real, permitindo ações mais imediatas sempre que soarem os alertas.
Não é coincidência que, nos últimos anos, os controles sobre o sistema financeiro mundial tenham sido intensificados. Capitaneados pelos Estados Unidos, os esforços resultaram em expressivas vitórias sobre traficantes e terroristas. A operação de desmonte de um esquema bilionário de tráfico, realizada pela Polícia em cinco Estados brasileiros nos últimos dias, é um sintoma positivo desse processo. A prioridade na área de segurança precisa ser o combate à lavagem de dinheiro. A ênfase vale tanto no caso de crimes de corrupção quanto para tráfico de drogas, com base na integração de policiais de todo o país.
Independentemente da necessidade de armas e viaturas, cada vez mais a Inteligência, expressa nesse caso pela capacidade de recolher informações e agir no sistema financeiro e no mundo digital, assume relevância. Outro aspecto que se impõe é a busca de maior agilidade no confisco e utilização de bens e valores recuperados nas ações policiais. Hoje, a burocracia emperra o reinvestimento de somas e recursos importantes, que poderiam estar sendo usados com mais celeridade na construção de presídios, na compra de equipamentos e no treinamento das forças de segurança.