Por Miriam Marroni, deputada estadual PT
Despertei para a política na minha adolescência, quando passei a compreender meu pai, um brizolista e janguista. Um mecânico da indústria da alimentação, que cursou até a 5ª série. Lia bastante e tinha conhecimento, compromisso com a democracia e respeito aos trabalhadores. Já na minha idade adulta, vi o discurso de Brizola fazer conexão com o de Lula. Assim compreendi meu pai e sua visão crítica quanto à ditadura e entendi seu medo quando lhe contei da minha filiação ao Partido dos Trabalhadores no final dos anos 80. Afinal, ele entendia que as liberdades não estavam garantidas em nosso país.
Neste mesmo período, acompanhei os projetos das Comunidades Eclesiais de Base — programa da Igreja Católica — que trabalhava com as periferias o processo de cidadania, igualdade e justiça social. Por isso, a política sempre foi uma missão para mim. Meus projetos sempre foram voltados na perspectiva social e Direitos Humanos para todos.
Minha trajetória institucional se deu na luta por uma universidade pública e gratuita, representada pela bandeira "arroz, feijão, saúde e educação" em um Brasil que vivia na miséria. Assim foi construída minha visão de mundo! Meu engajamento me levou a ser a primeira mulher a ocupar a presidência do sindicato dos servidores da Universidade Federal de Pelotas. Desde aquela época acreditei e sigo acreditando no programa do PT. E isso se comprovou quando o Lula mostrou ser possível tirar as pessoas da miséria e desenvolver o país.
Depois de quatro mandatos como vereadora, outros três como deputada estadual, ser secretária-geral no Governo Tarso e ser secretária de Direitos Humanos, Cidadania e Assistência Social na prefeitura de Pelotas, sempre fiquei dividida entre a política e minha vocação. Sou psicóloga e permanentemente dedico atenção às comunidades da periferia e às pessoas vindas das classes menos favorecidas.
Sempre fiquei dividida entre a política e minha vocação
No antigo CAVG, entendia como um privilégio poder exercer tarefas com alunos e alunas de toda a região. O CAVG, que agora passou a ser IF-Sul, será o meu destino tão logo encerre esta legislatura na Casa do Povo. Lá espero ajudar na construção do conhecimento dos jovens através da extensão, tendo a pesquisa e a assistência como pilares de sustentação. Cada vez mais o meio estudantil precisa estabelecer conexão com o mundo lá fora, por detrás de todos seus muros.
Nesta recente eleição de 2018, decidi não ser candidata. Minha missão segue a mesma, só mudarei a trincheira. Tenho 62 anos e, a partir de agora irei concentrar todas as minhas energias nesse desafio. Não podemos nos cegar diante de tantos problemas. Minha inquietação busca ações com a juventude pobre que entra para o tráfico por falta de perspectivas. Crianças não nascem para o crime. Uma criança é uma criança! O que precisamos é identificar o momento em que o adolescente perde a esperança e entra no caminho da organização criminosa. A partir de 1º de fevereiro de 2019, este será meu primeiro passo. Esta será a minha missão.