Por Carla Rojas Braga, psicóloga
Em qualquer país desenvolvido, todas as atividades culturais feitas em espaços públicos devem ser previamente autorizadas pelas autoridades locais. A tal "festa" nas imediações do Anfiteatro Pôr do Sol, na orla do Guaíba, ontem, ao que tudo indica, não tinha autorização. Ou seja, estava ocupando um espaço público, portanto de todos, infringindo, no mínimo, regras de convívio social, por um grupo privado. Além disso, a música alta perturbava quem não estava participando do evento. E se uma pessoa foi baleada, pessoas na festa estavam armadas. Outra infração, provavelmente.
Nas festas rave, em geral, os participantes bebem muito e consomem drogas. Maconha e ectasy, principalmente. Música alta, em espaço público e aberto, álcool e drogas, são uma combinação explosiva, com o perdão do trocadilho.
O problema, portanto, não era o gosto musical da festa, mas sim um conjunto de infrações e desrespeitos. Considero que resumir um evento de consumo de drogas e vandalismo a uma questão de preconceito racial ou musical é pueril. Não é esse o problema. A questão é que a tal festa, em primeiro lugar, não poderia ter acontecido porque não tinha autorização, mas ao acontecer, deveria ter sido interrompida pelas autoridades policiais imediatamente. Provavelmente havia um grande número de menores consumindo bebida alcoólica, o que por si só já é outra infração. Pelo ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente, é proibido oferecer bebida alcoólica para pessoas com menos de 18 anos. Isso já seria motivo para a polícia intervir e investigar. Provavelmente também havia venda de entorpecentes e consumo das mais variadas drogas alucinógenas e estimulantes, usadas para dar "energia" para os participantes aguentarem tantas horas de pulação ou dança. O que também envolve a festa com o crime.
Todo mundo tem o direito de se divertir como quiser. Mas perturbação do sossego, da ordem, consumo de álcool e drogas por menores, vandalismo, tiroteio, não são diversão para todos.
Chega dessa "flexibilização" das regras, das leis, da moral.
O certo é certo e o errado é errado.